CAPÍTULO QUINZE

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– Oi. — Sinto uma timidez insuportável ao abrir a porta. Christian está parado no pórtico de calça jeans e casaco de couro.

— Oi — responde, e seu rosto se ilumina com aquele sorriso radiante. Aproveito um instante para admirar sua beleza. Nossa, ele fica gostoso usando couro.

— Entre.

— Se me dá licença — diz ele achando graça. Ergue uma garrafa de champanhe ao entrar. — Pensei em comemorar sua formatura. Uma boa Bollinger é de doer.

— Escolha de palavras interessante — comento secamente.

Ele ri.

— Ah, gosto da sua presença de espírito, Anastasia.

— Aqui só tem xícaras de chá. Já embalamos todos os copos.

— Xícaras de chá? Para mim, está bom.

Entro na cozinha. Estou toda tremendo por dentro, é como ter uma pantera ou um leão da montanha imprevisível e predador na minha sala.

— Quer os pires também?

— Basta as xícaras, Anastasia — responde Christian distraidamente da sala.

Quando volto, ele está olhando o pacote de papel pardo com os livros. Ponho as xícaras na mesa.

— Isso é para você — murmuro com ansiedade.

Merda... provavelmente vai dar briga.

— Hum, imaginei. Citação muito apropriada. — Seu indicador acompanha distraidamente a letra. — Achei que eu fosse d’Urberville, não Angel. Você decidiu pela degradação. — Ele dá um sorriso feroz. — É bem coisa sua encontrar uma frase que ecoe com tanta propriedade.

— É também um pedido — sussurro.

Por que estou tão nervosa? Minha boca está seca.

— Um pedido? Para eu pegar leve com você?

Balanço a cabeça assentindo.

— Comprei esses livros para você — diz ele calmamente, o olhar impassível. — Pego mais leve se você os aceitar.

Engulo convulsivamente.

— Christian, não posso aceitá-los, é um exagero.

— Está vendo, é disso que eu falava, você me desafiando. Quero que os livros sejam seus, e fim de papo. É muito simples. Você não precisa pensar sobre isso. Como submissa, se limitaria a ficar agradecida por eles. Você aceita o que eu compro porque me dá prazer que aceite.

— Eu não era submissa quando você os comprou para mim — sussurro.

— Não... mas você concordou, Anastasia.

Seu olhar fica cauteloso.

Suspiro. Não vou vencer esta, então vamos ao plano B.

— Então os livros são meus para eu fazer o que quiser?

Ele me olha desconfiado, mas concorda.

— Sim.

— Nesse caso, eu gostaria de doá-los para uma obra de caridade, uma de Darfur, já que esse lugar parece tocar seu coração. Eles podem ser leiloados.

— Se é o que você quer fazer.

Sua boca se contrai. Ele está desapontado. Eu coro.

— Vou pensar no assunto — murmuro.

Não quero desapontá-lo, e me lembro de suas palavras. Quero que você queira me agradar.

— Não pense, Anastasia. Não sobre isso.

Sua voz é calma e séria.

Como posso não pensar? Você pode fingir ser um carro, como as outras posses dele. Meu inconsciente faz um inoportuno comentário sarcástico. Finjo que não ouço. Ah, não podemos rebobinar a fita? O clima entre nós agora está tenso. Não sei o que fazer. Olho para baixo. Como saio dessa situação?

Ele põe a garrafa de champanhe na mesa e fica parado na minha frente. Levanta meu queixo, inclinando minha cabeça para trás, e me olha com uma expressão séria.

— Vou comprar muitas coisas para você, Anastasia. Vá se acostumando. Eu posso pagar por elas. Sou um homem muito rico. — Ele se inclina e me dá um beijo casto nos lábios. — Por favor.

Ele me solta.

Rá, meu inconsciente pronuncia para mim.

— Isso faz com que eu me sinta vulgar — digo.

Christian passa a mão no cabelo, exasperado.

— Não devia. Você está pensando demais, Anastasia. Não se julgue moralmente com base no que os outros podem pensar. Não desperdice sua energia. Isso é só porque você tem reservas quanto ao nosso acordo. É perfeitamente natural. Você não sabe onde está se metendo.

Franzo a testa, tentando processar as palavras dele.

— Ei, pare com isso — ordena ele baixinho, tornando a segurar meu queixo e puxando-o com delicadeza, fazendo-me parar de morder o lábio inferior. — Você não tem nada de vulgar, Anastasia. Não admito que pense isso. Eu simplesmente lhe comprei uns livros antigos que achei que podiam significar alguma coisa para você, só isso. Tome um champanhe. — Seus olhos ficam calorosos e meigos, e sorrio timidamente para ele. — Assim é melhor — murmura.

Ele pega o champanhe, tira o invólucro metálico e o prendedor de arame, sacode a garrafa e torce a rolha, abrindo-a com um estalo seco, e faz um floreio, sem derramar uma gota. Enche as xícaras pela metade.

— É rosa — percebo admirada.

— Bollinger Grande Année Rosé 1999, uma safra excelente — diz com deleite.

— Em xícaras.

Ele sorri.

— Em xícaras. Parabéns pela formatura, Anastasia.

Brindamos, e ele bebe um gole, mas não posso deixar de pensar que se trata realmente da minha rendição.

— Obrigada — murmuro, e tomo um gole. Claro que está delicioso. — Vamos analisar os limites brandos.

Ele sorri e eu coro.

— Impaciente como sempre.

Christian me pega pela mão e me leva para o sofá, onde se senta, puxando-me para seu lado.

— Seu padrasto é um homem muito calado.

Ah... então nada de limites brandos. Só quero tirar isso da minha frente, a ansiedade está me corroendo.

Você conseguiu fazer com que ele comesse na sua mão. Faço bico.

Christian acha graça.

— Só porque sei pescar.

— Como soube que ele gostava de pescar?

— Você me disse. Quando saímos para tomar café.

— Ah... disse? — Bebo outro gole. Nossa, ele se lembra dos detalhes. Humm... esse champanhe é mesmo ótimo. — Provou o vinho na recepção?

Christian faz uma careta.

— Provei. Estava horrível.

— Pensei em você quando bebi. Como você ficou tão entendido em vinho?

— Eu não sou entendido, Anastasia. Só sei do que gosto. — Seus olhos brilham, quase prateados, e isso me faz corar. — Mais um pouco? — pergunta, referindo-se ao champanhe.

— Por favor.

Christian se levanta com elegância e pega a garrafa. Enche minha xícara. Será que ele quer me embebedar? Olho para ele desconfiada.

— Esta casa está bem vazia. Está pronta para a mudança?

— Mais ou menos.

— Vai trabalhar amanhã?

— Vou. É meu último dia na Clayton’s.

— Eu ajudaria na mudança, mas prometi buscar minha irmã amanhã no aeroporto.

Ah... isso é novidade.

— Mia chega de Paris sábado de manhã bem cedo. Vou voltar para Seattle amanhã, mas ouvi dizer que Elliot vai dar uma mãozinha a vocês.

— Sim, Kate está muito animada com isso.

Christian franze o cenho.

— Sim, Kate e Elliot, quem diria? — murmura ele, e, por alguma razão, não parece satisfeito. — Então, o que vai fazer com relação a trabalho em Seattle?

Quando vamos começar a discutir sobre os limites? Qual é o jogo dele?

— Tenho duas entrevistas para estágios.

— Quando ia me contar isso? — Ele ergue uma sobrancelha.

— Hã... Estou contando agora.

Ele estreita os olhos.

— Onde?

Não sei por que, talvez porque ele poderia usar sua influência, não quero lhe dizer.

— Em editoras.

— É isso que você quer fazer? Trabalhar em uma editora?

Balanço a cabeça concordando, cautelosa.

— E então?

Ele me olha pacientemente, esperando mais informações.

— E então o quê?

— Não seja boba, Anastasia, quais editoras? — censura ele.

— São pequenas — confesso.

— Por que não quer que eu saiba?

— Influência indevida.

Ele franze a testa.

— Ah, agora você está sendo bobo.

Ele ri.

— Bobo? Eu? Meu Deus, você é provocadora. Beba seu champanhe, vamos falar sobre esses limites.

Christian pega outra cópia do meu e-mail e da lista. Será que ele anda por aí com essas listas no bolso? Acho que tem uma naquele blazer que está comigo. Merda. É melhor eu não me esquecer disso. Esvazio meu copo. Ele me dá uma olhada.

— Mais?

— Por favor.

Grey dá aquele sorriso convencido, segura a garrafa de champanhe e para.

— Você comeu alguma coisa?

Ah, não... isso de novo, não.

— Sim. Comi três pratos no almoço com Ray. — Reviro os olhos para ele. O champanhe está me deixando ousada.

Ele se inclina e pega meu queixo, olhando bem nos meus olhos.

— Da próxima vez que você revirar os olhos para mim, eu lhe darei umas palmadas.

O quê?

Ah — murmuro, e encontro seu olhar excitado.

— Ah — responde ele, imitando meu tom. — É assim que começa, Anastasia.

Meu coração dispara, e aquele frio na barriga está apertando minha garganta. Por que isso excita?

Ele enche minha xícara, e bebo quase tudo. Disciplinada, olho para ele.

— Agora eu tenho sua atenção, não é?

Concordo com a cabeça.

— Responda.

— Sim... você tem minha atenção.

— Ótimo. — Ele dá um sorriso cúmplice. — Então, atos sexuais. Já fizemos quase todos.

Chego mais para perto dele no sofá e olho a lista.

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APÊNDICE 3

Limites brandos

A serem discutidos e acordados entre ambas as partes:

A Submissa concorda com:


• Masturbação

• Sexo vaginal


• Cunilíngua

• Introdução de mão na vagina


• Felação

• Sexo anal


• Deglutição de sêmen

• Introdução de mão no ânus



— Nada de introduzir mão, você disse. Mais alguma objeção? — pergunta ele com a voz macia.

Engulo em seco.

— Relação anal não é exatamente uma coisa que eu curta.

— Vou concordar no caso da mão, mas eu realmente gostaria de comer seu cu, Anastasia. Mas vamos esperar. Além do mais, isso não é algo em que a gente possa entrar de cara. — Ele dá um sorriso forçado. — Seu cu vai precisar de treino.

— Treino? — murmuro.

— Ah, sim. Vai precisar ser cuidadosamente preparado. A relação anal pode ser muito prazerosa, pode confiar em mim. Mas se tentarmos e você não gostar, não precisamos fazer de novo.

Ele ri para mim.

Pisco para ele. Ele acha que vou gostar? Como sabe que é prazeroso?

— Você já fez isso? — sussurro.

— Já.

Puta merda. Engasgo.

— Com um homem?

— Não. Eu nunca fiz sexo com homens. Não é a minha.

— Mrs. Robinson?

— Sim.

Puta que pariu... como?

Franzo a testa. Ele passa ao item seguinte da lista.

— E... deglutição de sêmen. Bom, nisso você tira nota máxima.

Enrubesço, e minha deusa interior estala a língua, toda orgulhosa.

— Então. — Ele me olha, sorrindo. — Tudo bem com engolir sêmen?

Faço que sim, sem conseguir olhá-lo nos olhos, e torno a esvaziar a xícara.

— Mais? — pergunta ele.

— Mais.

E me lembro da conversa que tivemos mais cedo enquanto ele enche minha xícara. Será que ele está se referindo àquilo ou só ao champanhe? Será que essa coisa toda de champanhe é demais?

— Brinquedos sexuais? — pergunta ele.

Dou de ombros, olhando a lista.


A Submissa aceita o uso de:


• Vibradores

• Consolos


• Plugues anais

• Outros brinquedos vaginais



— Plugues anais? Isso faz o que está escrito na embalagem? — Franzo o nariz com nojo.

— Sim — ele sorri. — E estou me referindo à relação anal da qual falei anteriormente. Treino.

— Ah... o que mais?

— Contas, ovos... esse tipo de coisa.

— Ovos? — Estou alarmada.

— Não ovos de verdade. — Ele dá uma gargalhada, sacudindo a cabeça.

Contraio os lábios para ele.

— Ainda bem que você acha graça em mim. — Minha voz não consegue disfarçar quanto me sinto ofendida.

Ele para de rir.

— Peço desculpas. Srta. Steele, me perdoe — diz ele, tentando fazer uma expressão compungida, mas seu olhar continua brincalhão. — Algum problema com brinquedos?

— Não — digo secamente.

— Anastasia — ele tenta me agradar — sinto muito. Pode acreditar. Eu não tinha intenção de rir. Nunca tive essa conversa tão detalhadamente. Você simplesmente é muito inexperiente, só isso.

Seu olhar é sincero.

Amoleço um pouco e bebo outro gole de champanhe.

— Certo... bondage — diz ele, voltando à lista.

Examino a lista, e minha deusa interior fica pulando como uma criança esperando o sorvete.


A Submissa aceita:


• Bondage com corda

• Bondage com fita adesiva


• Bondage com braceletes de couro

• Bondage com outros materiais


• Bondage com algemas e grilhões



Christian ergue a sobrancelha.

— E aí?

— Tudo bem — murmuro e rapidamente olho a lista de novo.


A Submissa aceita ser contida:


• Com as mãos amarradas à frente

• Com os pulsos amarrados aos tornozelos


• Com os tornozelos amarrados

• Atada a peças fixas, mobília etc.


• Com os cotovelos amarrados

• Atada a uma barra espaçadora


• Com as mãos atrás das costas

• Por suspensão


• Com os joelhos amarrados



A Submissa aceita ser vendada?

A Submissa aceita ser amordaçada?

— Já falamos de suspensão. E tudo bem se você quiser estabelecer que isso seja um limite rígido. Toma muito tempo, e só terei você por curtos períodos, afinal. Mais alguma coisa?

— Não vá rir de mim, mas o que é uma barra espaçadora?

— Prometo não rir. Já pedi desculpas duas vezes. — Ele me olha furioso. — Não me faça fazer isso de novo — avisa. E acho que me encolho visivelmente... ah, ele é muito autoritário. — Uma barra espaçadora é uma barra com algemas para os tornozelos ou pulsos. É divertido.

— Tudo bem... Mas amordaçar-me. Eu ficaria preocupada achando que não conseguiria respirar.

Eu ficaria preocupado se você não conseguisse respirar. Não pretendo sufocar você.

— E como vou usar os códigos estando amordaçada?

Ele para.

— Em primeiro lugar, espero que você nunca precise usá-los. Mas se estiver amordaçada, usamos gestos — diz ele simplesmente.

Pisco para ele. Mas se eu estiver amarrada, como isso vai funcionar? Meu cérebro começa a ficar enevoado... humm, o álcool.

— Estou aflita com a mordaça.

— Tudo bem. Vou anotar.

Olho para ele, começando a me dar conta.

— Você gosta de amarrar suas submissas para elas não poderem tocar em você?

Ele arregala os olhos para mim.

— Esse é um dos motivos — responde tranquilamente.

— Foi por isso que amarrou minhas mãos?

— Foi.

— Você não gosta de falar disso — murmuro.

— Não, não gosto. Quer mais um pouco de champanhe? A bebida está deixando você corajosa, e preciso saber como se sente em relação à dor.

Droga... essa é a parte difícil. Ele torna a encher minha xícara, e dou um gole.

— Então, como você se comporta normalmente quando sente dor? — Christian me olha na expectativa. — Você está mordendo o lábio — fala num tom sinistro.

Paro imediatamente, mas não sei o que dizer. Fico vermelha e baixo os olhos.

— Você recebia castigos físicos quando criança?

— Não.

— Então não tem nenhum parâmetro de referência?

— Não.

— Isso não é tão ruim quanto você pensa. Sua imaginação é sua pior inimiga nesse caso — sussurra ele.

— Você tem que fazer isso?

— Tenho.

— Por quê?

— Faz parte, Anastasia. É o que eu faço. Posso ver que você está nervosa. Vamos analisar os métodos.

Ele me mostra a lista. Meu inconsciente sai correndo aos gritos e se esconde atrás do sofá.


• Surras

• Palmadas


• Chicotadas

• Surras de vara


• Mordidas

• Grampos de mamilos


• Grampos genitais

• Gelo


• Cera quente

• Outros tipos/métodos de dor



— Bem, você recusou os grampos genitais. Tudo bem. O que machuca mais é a surra de vara.

Fico lívida.

— Podemos nos preparar para isso.

— Ou não fazer — sussurro.

— Isso faz parte do acordo, baby, mas podemos nos preparar para tudo isso. Anastasia, não vou forçá-la.

— Esse negócio de castigo é o que mais me preocupa. — Minha voz está por um fio.

— Bom, ainda bem que você me disse. Vamos deixar a surra de vara fora da lista por ora. E conforme você for ficando mais à vontade, aumentamos a intensidade. Vamos devagar.

Engulo em seco, e ele me dá um beijo nos lábios.

— Pronto, não foi muito ruim, foi?

Dou de ombros, de novo com o coração na boca.

— Olha, quero falar sobre mais uma coisa, depois vou levá-la para a cama.

— Cama?

Pestanejo depressa, e o sangue lateja em minhas veias, aquecendo lugares cuja existência eu desconhecia até muito pouco tempo.

— Vamos lá, Anastasia, depois dessa conversa toda, quero foder você até a semana que vem. Isso deve ter algum efeito em você, também.

Fico me retorcendo. Minha deusa interior está arfando.

— Viu? Além do mais, tem algo que quero experimentar.

— Algo doloroso?

— Não. Pare de ver dor em tudo. É principalmente prazer. Eu já machuquei você?

Enrubesço.

— Não.

— Pois então. Olha, há pouco você estava falando sobre querer mais — ele para de repente.

Puxa vida... o que ele está dizendo?

Ele segura minha mão.

— Fora do período em que você for minha submissa, quem sabe a gente pode experimentar. Não sei se vai dar certo. Não sei se consigo separar as coisas. Talvez não funcione. Mas estou disposto a tentar. Quem sabe uma noite por semana. Não sei.

Caramba... fico boquiaberta, meu inconsciente está em estado de choque. Christian Grey está querendo mais! Está disposto a tentar! Meu inconsciente espia de trás do sofá, ainda demonstrando espanto.

— Tenho uma condição.

Ele olha com cautela para minha expressão estarrecida.

— Qual? — sussurro.

Qualquer coisa. Dou qualquer coisa.

— Que você aceite meu presente de formatura.

— Ah.

E, no fundo, eu sei o que é. Fico apavorada.

Ele está me olhando, avaliando minha reação.

— Vamos — murmura, e se levanta, me arrastando.

Tira o casaco, pendura-o no ombro e se dirige à porta.

Estacionado na rua, há um Audi Hatch vermelho de duas portas, compacto.

— É para você. Parabéns — diz ele, me puxando para seus braços e beijando meu cabelo.

Ele comprou para mim o raio de um carro zero. Putz... Já tive problema suficiente com os livros. Olho para o carro ali parado, tentando desesperadamente determinar como eu me sinto em relação a isso. Por um lado estou apavorada, por outro, agradecida, estarrecida com o fato de ele ter feito isso, mas a emoção predominante é a raiva. Sim, estou irritada, especialmente depois de tudo o que eu lhe disse sobre os livros... mas o carro já está comprado. Ele me dá a mão e me conduz até a nova aquisição.

— Anastasia, aquele seu fusca é velho e, francamente, perigoso. Eu nunca me perdoaria se acontecesse alguma coisa com você quando é muito fácil fazer o que é certo...

Ele está me olhando mas, no momento, não consigo olhar para ele. Fico calada ali em pé, contemplando aquela incrível novidade vermelha e brilhante.

— Mencionei o presente para seu padrasto. Ele deu todo o apoio — murmura.

Olho-o indignada, boquiaberta.

— Você mencionou isso para o Ray? Como pôde?

Mal consigo proferir as palavras. Como ele se atreve. Pobre Ray. Sinto-me mal, estou mortificada pelo meu pai.

— É um presente, Anastasia. Você não pode simplesmente agradecer?

— Mas você sabe que é demais.

— Não, para mim, não é, não para minha paz de espírito.

Franzo o cenho para ele, sem saber o que dizer. Ele simplesmente não entende! Teve dinheiro a vida toda. Tudo bem, não a vida toda, não quando criança. E minha visão de mundo muda. A ideia me faz pensar, e amoleço em relação ao carro, sentindo-me culpada pelo chilique. Suas intenções são boas. Equivocadas, mas não de má-fé.

— Fico feliz em aceitar este empréstimo, como o do laptop.

Ele suspira profundamente.

— Tudo bem. Um empréstimo. Por tempo indeterminado — diz, olhando-me com cautela.

— Não, não por tempo indeterminado, mas por enquanto. Obrigada.

Christian franze a testa. Estico-me e dou-lhe um beijo no rosto.

— Obrigada pelo carro, senhor — digo com toda a doçura que consigo.

Ele me agarra de repente e me puxa com força contra si, uma das mãos nas minhas costas, a outra me puxando pelo cabelo.

— Você é uma mulher desafiadora, Ana Steele.

Ele me beija com paixão, pressionando meus lábios com a língua para abri-los, agressivamente.

Meu sangue esquenta na mesma hora, e retribuo seu beijo com paixão. Eu o quero loucamente — apesar do carro, dos livros, dos limites brandos... da surra de vara... eu o quero.

— Estou usando todo meu autocontrole para não trepar com você no capô desse carro agora, só para você saber que é minha, e que, se eu quiser comprar a porra de um carro para você, eu compro — diz entre dentes. — Agora vamos lá para dentro, quero deixá-la nua.

Ele me beija bruscamente.

Caramba, ele está zangado. Agarra minha mão e me leva direto para o quarto... sem me dar chance de dizer não. Meu inconsciente está atrás do sofá de novo, tapando o rosto com as mãos. Christian para na entrada e se vira, me olhando.

— Por favor, não fique zangado comigo — sussurro.

Seu olhar é impassível, gelado e penetrante.

— Peço desculpas pelo carro e pelos livros — falo sem completar a frase.

Ele permanece calado, de cara fechada.

— Você me assusta quando está irritado — digo, olhando para ele.

Ele fecha os olhos e balança a cabeça. Ao abri-los, tem a expressão mais calma. Respira fundo e engole em seco.

— Vire de costas — sussurra. — Quero tirar esse vestido.

Mais uma mudança de ânimo repentina. Isso é muito difícil de acompanhar. Obediente, dou meia-volta, e meu coração está aos saltos, o desejo substituindo de imediato o constrangimento, correndo nas minhas veias e se instalando sinistro e persistente bem lá embaixo, no meu ventre. Ele afasta meu cabelo das costas, que cai para o lado direito, enroscando-se em meu seio. Encosta o indicador na minha nuca e, com uma lentidão de doer, vai deslizando até embaixo pela coluna, roçando minha pele com a unha.

— Gosto desse vestido — murmura. — Gosto de ver sua pele imaculada.

Seu dedo alcança o fecho do vestido e me puxa mais para perto, e então chego para trás, colando nele. Ele se abaixa e cheira meu cabelo.

— Você tem um cheiro muito bom, Anastasia. Muito doce.

Christian roça o nariz na minha orelha e vem descendo pelo pescoço, deixando uma trilha de beijos muito delicados no meu ombro.

Minha respiração muda, fica curta, rápida, cheia de expectativa. Ele está com os dedos no meu zíper. De novo com uma lentidão dolorosa, ele o desce, enquanto vai passeando com os lábios até meu outro ombro, lambendo, beijando e chupando. É irresistivelmente bom nisso. Meu corpo ressoa, e começo a me contorcer languidamente ao seu toque.

— Você. Vai. Ter. Que. Aprender. A. Ficar. Parada — sussurra, beijando-me a nuca entre cada palavra.

Ele puxa o fecho da frente única, e o vestido cai formando um círculo a meus pés.

— Sem sutiã, Srta. Steele. Gosto disso.

Ele envolve meus seios nas mãos, e meus mamilos se contraem a seu toque.

— Levante os braços e ponha-os em volta da minha cabeça — ordena ele, a boca colada em meu pescoço.

Obedeço imediatamente, e meus seios se empinam ao serem pressionados pelas mãos dele, meus mamilos se intumescendo. Passo os dedos por seu cabelo, e dou um puxão muito de leve naquelas mechas sedosas e sensuais. Inclino a cabeça para lhe facilitar o acesso ao meu pescoço.

— Hum... — murmura ele naquele espaço atrás da minha orelha ao começar a esticar meus mamilos com seus dedos compridos, imitando minhas mãos em seu cabelo.

Dou gemidos à medida que a sensação torna-se aguda e clara no meio das minhas pernas.

— Faço você gozar assim? — sussurra ele.

Arqueio as costas para forçar os seios naquelas mãos habilidosas.

— Você gosta disso, não é, Srta. Steele?

— Humm...

— Diga.

Ele continua aquela tortura lenta e sensual, puxando com delicadeza.

— Sim.

— Sim o quê?

— Sim... senhor.

— Muito bem.

Ele me belisca com força e meu corpo se contorce convulsivamente contra o dele.

Arquejo ao sentir aquele prazer e dor profundos. Eu o sinto colado em mim. Dou um gemido e agarro o cabelo dele, puxando com mais força.

— Acho que você ainda não está pronta para gozar — sussurra ele, imobilizando minhas mãos. Ele dá uma mordida leve no lóbulo da minha orelha e puxa. — Além do mais, você me desagradou.

Ah... não, o que isso significa? Meu cérebro registra através da névoa de desejo imperioso, enquanto gemo.

— Talvez eu não permita que você goze.

Ele volta a atenção de seus dedos para meus mamilos, puxando, torcendo, amassando. Esfrego-me nele... movimentando-me de um lado para o outro.

Sinto seu sorriso no meu pescoço e suas mãos descem para meus quadris. Ele engancha os dedos na parte de trás da minha calcinha, rasga o tecido com os polegares e a joga na minha frente para eu ver... puta merda. Suas mãos descem para meu sexo, e, por trás, ele enfia o dedo lentamente.

— Ah, sim. Minha doce menina está pronta — sussurra ao me virar de frente para ele. Sua respiração se acelerou. Ele enfia o dedo na boca. — Você é gostosa, Srta. Steele. — Suspira.

Puta merda. O dedo dele está com um gosto salgado... de mim.

— Tire minha roupa — ordena ele tranquilamente, me encarando de cima a baixo, o olhar encoberto.

Só estou de sapatos — bem, o salto-agulha de Kate. Sou pega de surpresa. Nunca despi um homem.

— Você consegue fazer isso. — Ele tenta me convencer.

Pestanejo rapidamente. Por onde começar? Pego a camisa dele, e ele agarra minhas mãos, sorrindo maliciosamente para mim.

— Ah, não. — Ele balança a cabeça, rindo. — A camisa não. Talvez você tenha que tocar em mim para o que já planejei.

Os olhos dele brilham de excitação.

Ah... isso é novidade... posso tocar nele vestido. Ele pega uma das minhas mãos e a coloca em sua ereção.

— Este é o efeito que você causa em mim, Srta. Steele.

Arquejo e flexiono os dedos em volta da cintura dele, e ele sorri.

— Quero estar dentro de você. Tire minha calça. Você está no comando.

Puta merda... eu no comando. Meu queixo cai.

— O que você vai fazer comigo? — provoca ele.

Ah, as possibilidades... ruge minha deusa interior, e, em função de alguma frustração, necessidade e a pura coragem dos Steele, empurro-o na cama. Ele ri ao cair, e olho para ele, me sentindo vitoriosa. Minha deusa interior vai explodir. Arranco seus sapatos, depressa, desajeitadamente, e as meias. Ele está me olhando, achando graça, os olhos brilhando de desejo. Está... glorioso... e é meu. Subo na cama e monto nele para desabotoar sua calça, enfiando os dedos no cós, sentindo os pelos no caminho da felicidade. Ele fecha os olhos e levanta os quadris.

— Você vai ter que aprender a ficar parado — repreendo, e puxo os pelos embaixo do cós da calça.

Ele prende a respiração, e ri para mim.

— Sim, Srta. Steele — murmura, os olhos ardentes. — No meu bolso, camisinha — sussurra.

Procuro devagar em seu bolso, observando seu rosto enquanto tateio. Sua boca está aberta. Pego os dois invólucros de papel laminado que encontro e os coloco na cama ao lado de seus quadris. Dois! Meus dedos superansiosos desabotoam sua calça, titubeando um pouco. Estou muito excitada.

— Tão ávida, Srta. Steele — diz ele, a voz entremeada de humor.

Abaixo seu zíper, e agora estou diante do problema de lhe tirar a calça... hum. Eu a abaixo e puxo. Ela não sai do lugar. Franzo a testa. Como pode ser tão difícil?

— Não consigo ficar parado se você morder esse lábio — avisa ele, depois levanta a pélvis da cama para eu poder abaixar sua calça e a cueca ao mesmo tempo, ai... soltando-o. Ele chuta as roupas para o chão.

Minha nossa, ele é todinho meu para brincar, e de repente é Natal.

— Agora, o que vai fazer? — sussurra ele, sem mais um pingo de humor. Estico o braço e toco nele, observando sua expressão enquanto isso. Ele respira fundo, formando um O com os lábios. Sua pele é muito macia e aveludada... e dura... hum, que combinação deliciosa. Inclino-me para a frente, o cabelo me envolvendo, e ele está na minha boca. Chupo, com força. Ele fecha os olhos, mexendo os quadris embaixo de mim.

— Nossa, Ana, calma — geme ele.

Sinto-me muito poderosa. É uma sensação muito excitante, provocá-lo e testá-lo com a boca e a língua. Ele se enrijece embaixo de mim, à medida que subo e desço com a boca em volta dele, metendo-o até o fundo da garganta, apertando os lábios... para cima e para baixo.

— Para, Ana, para. Não quero gozar.

Sento-me, piscando para ele, arfando como ele, mas confusa. Pensei que estivesse no comando. A cara da minha deusa interior é a de quem teve o sorvete roubado.

— Sua inocência e seu entusiasmo são irresistíveis — arqueja. — Você por cima... é isso que a gente precisa fazer.

Ah.

— Põe isso aqui.

Ele me dá um invólucro de papel laminado.

Puta merda. Como? Abro o invólucro, e sinto o toque pegajoso do preservativo de borracha.

— Segure a ponta e depois desenrole. Você não quer deixar ar nenhum na ponta desse troço — diz ofegante.

E, bem lentamente, concentrando-me muito, obedeço.

— Nossa, você está me matando, Anastasia — geme ele.

Admiro meu trabalho e ele. É realmente um belo espécime de homem. Olhar para ele é muito, muito, excitante.

— Agora. Quero ser enterrado em você — murmura ele.

Fico olhando-o, intimidada, e ele se senta de repente, e ficamos nariz com nariz.

— Assim — sussurra, e pega nos meus quadris, me levantando, e, com a outra mão, se posiciona embaixo de mim e, bem devagarinho, me coloca sobre ele.

Gemo à medida que ele vai me abrindo, me preenchendo. Estou boquiaberta, surpresa com aquela sensação doce, sublime e torturante da penetração. Ah... por favor.

Está certo, baby, me sinta inteiro — rosna ele, e fecha os olhos brevemente.

E está dentro de mim, inteiro, e me segura sem deixar que eu me mexa, por segundos... minutos... não tenho ideia, me fitando intensamente nos olhos.

— Assim, vai fundo — murmura.

Flexiona e gira os quadris num movimento só, e eu gemo... puxa vida — a sensação se irradia por toda a minha barriga... para todo canto. Porra!

— De novo — sussurro.

Ele dá um sorriso preguiçoso e faz o que eu peço.

Gemendo, empino a cabeça com o cabelo caindo nas costas, e ele, muito lentamente, se deixa afundar na cama.

— Mexa, Anastasia, mexa o quanto quiser. Segure minhas mãos — diz ele, a voz rouca e grave e muito sensual.

Agarro as mãos dele, me aferrando a elas com todas as forças. Suavemente, fico me remexendo com ele dentro de mim. Seus olhos ardem naquela expectativa selvagem. Sua respiração está entrecortada, como a minha, e ele levanta a pélvis quando eu abaixo, me impelindo para cima de novo. Pegamos o ritmo... para cima e para baixo, para cima e para baixo... sem parar de mexer... e é muito... gostoso. Entre um arquejo e outro, sinto-me totalmente preenchida... com aquela sensação intensa pulsando pelo meu corpo inteiro aumentando, observo-o, olhos nos olhos... e vejo assombro neles, assombro diante de mim.

Eu o estou fodendo. Estou no comando. Ele é meu, e eu sou dele. A ideia me leva, com toda a força, ao limite, e chego ao orgasmo... gritando coisas incoerentes. Ele agarra meus quadris, fecha os olhos, inclina a cabeça para trás, cerra os dentes e goza em silêncio. Desabo em cima dele, entorpecida, entre a realidade e a fantasia, num lugar onde não há limites rígidos nem brandos.

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