CAPÍTULO DEZOITO

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Dra. Greene é alta, loura e impecável, e usa um tailleur azul-royal. Ela me lembra daquelas mulheres que trabalham no escritório de Christian. Parece uma caricatura — mais uma loura perfeita. Seu cabelo longo está preso num coque elegante. Deve ter uns quarenta e poucos anos.

— Sr. Grey.

Ela aperta a mão que Christian lhe estende.

— Obrigado por atender a este chamado tão em cima da hora — diz Christian.

— Obrigada por fazer com que ele valha a pena para mim, Sr. Grey. Srta. Steele.

Ela sorri, o olhar frio e avaliador.

Apertamos as mãos, e noto que ela é uma dessas mulheres que não tem paciência para gente boba. Como Kate. Gosto dela de cara. Ela lança um olhar para Christian, e após um instante esquisito, ele se dá conta.

— Vou estar lá embaixo — resmunga, e se retira do que será meu quarto.

— Bem, Srta. Steele. O Sr. Grey está me pagando uma pequena fortuna para atendê-la. O que posso fazer por você?

* * *

APÓS UM EXAME minucioso e uma conversa demorada, a Dra. Greene e eu optamos pela pílula. Ela redige uma receita e me dá instruções de como devo proceder. Adoro sua atitude séria — ela me fez um sermão sobre a necessidade de tomar a pílula todos os dias à mesma hora. E posso dizer que está morta de curiosidade sobre minha relação com o Sr. Grey. Não lhe dou detalhe algum. De alguma forma, acho que ela não ficaria tão calma e serena se tivesse visto o Quarto Vermelho da Dor. Enrubesço ao passarmos por sua porta fechada e descemos para a galeria de arte que é a sala de Christian.

Christian está lendo, sentado no sofá. Uma ária impressionante está tocando, envolvendo-o, aconchegando-o, preenchendo a sala com uma música doce e comovente. Por um momento, ele parece sereno. Vira-se e olha para nós quando entramos, sorrindo com carinho para mim.

— Terminaram? — pergunta como se estivesse realmente interessado.

Aponta o controle remoto para uma caixa branca lisa embaixo da lareira que abriga seu iPod, e a melodia intensa perde força mas continua ao fundo. Ele se levanta e vem até nós.

— Sim, Sr. Grey. Tome conta dela. Ela é uma mulher linda e inteligente.

Christian fica desconcertado, como eu. Que coisa imprópria para uma médica dizer. Será que ela está lhe dando algum tipo de aviso não muito sutil? Christian se recupera.

— Pretendo fazer isso — murmura, perplexo.

Olhando para ele, dou de ombros, encabulada.

— Vou lhe mandar a conta — diz ela secamente ao cumprimentá-lo. — Bom dia e boa sorte para você, Ana.

Ela sorri, estreitando os olhos enquanto nos cumprimentamos.

Taylor aparece para acompanhá-la até o elevador. Como ele faz isso? Onde ele fica à espreita?

— Como foi? — pergunta Christian.

— Bem, obrigada. Ela disse que eu tinha que me abster completamente de atividades sexuais por quatro semanas.

Christian fica boquiaberto, chocado. Não consigo mais me manter séria e sorrio para ele feito uma idiota.

— Peguei você!

Ele estreita os olhos, e paro de rir na mesma hora. Na verdade, ele parece bastante severo. Ah, merda. Meu inconsciente se encolhe no canto e o sangue me foge do rosto; imagino-o de novo me dando palmadas.

— Peguei você! — diz, e ri. Ele me agarra pela cintura e me puxa para si. — Você é incorrigível, Srta. Steele — murmura, olhando nos meus olhos enquanto enfia os dedos nos meus cabelos, prendendo-me ali. Ele me beija com força, e eu me apoio em seus braços musculosos para me equilibrar.

— Por mais que eu queira comer você aqui e agora, precisamos nos alimentar. Não quero você desmaiada em cima de mim depois — ele fala baixo, com a boca encostada na minha.

— Isso é tudo que você quer de mim: meu corpo? — sussurro.

— Seu corpo e essa sua boca rápida — fala, ofegante.

Ele me beija de novo com paixão, depois me solta bruscamente, pega minha mão e me leva para a cozinha. Estou atordoada. Num momento estamos brincando e no outro... abano meu rosto quente. Ele só pensa em sexo, e neste momento preciso recuperar o equilíbrio e comer alguma coisa. A ária continua tocando ao fundo.

— Que música é essa?

— Villa-Lobos, uma ária das Bachianas Brasileiras. Ótima, não é?

— É — murmuro, inteiramente de acordo.

O balcão da cozinha tem dois lugares postos e Christian pega uma tigela de salada na geladeira.

— Que tal salada caesar com frango?

Ah, graças a Deus, nada muito pesado.

— Sim, está ótimo, obrigada.

Observo-o movimentar-se com elegância na cozinha. Ele se sente bastante à vontade com seu corpo, embora não goste de ser tocado... bem, talvez não se sinta tão à vontade assim. Nenhum homem é uma ilha, reflito — exceto, talvez, Christian Grey.

— Em que está pensando? — pergunta, tirando-me de meu devaneio.

Enrubesço.

— Eu só estava olhando seu jeito de andar.

Ele ergue uma sobrancelha, achando graça.

— E? — diz secamente.

Enrubesço mais ainda.

— Você é muito elegante.

— Ora, obrigado, Srta. Steele — murmura. Ele se senta a meu lado segurando uma garrafa de vinho. — Chablis?

— Por favor.

— Pode se servir de salada — diz ele, a voz macia. — Agora me diga, por qual método você optou?

Fico por um momento desconcertada com a pergunta quando me dou conta de que ele está falando da consulta com a Dra. Greene.

— Pílula.

Ele franze a testa.

— E vai se lembrar de tomar regularmente, na hora certa, todos os dias?

Meu Deus... claro que vou. Como ele sabe? Coro com a ideia — provavelmente soube por uma ou mais de uma das quinze.

— Tenho certeza de que você vai me lembrar — murmuro secamente.

Ele me olha entre divertido e condescendente.

— Vou colocar um alarme em meu celular. — Ele dá um sorriso afetado. — Coma.

A salada está deliciosa. Para minha surpresa, estou faminta e, pela primeira vez, termino a refeição antes dele. O vinho é correto e frutado.

— Mais ansiosa que nunca, Srta. Steele? — Ele sorri para meu prato vazio.

Lanço um olhar enviesado para ele.

— Sim — murmuro.

Ele engasga. E, enquanto olha para mim, o clima entre nós vai mudando lentamente, evoluindo... se intensificando. Seu olhar passa de sombrio a apaixonado, e me leva com ele. Christian se levanta, diminuindo a distância entre nós, e me puxa do banco para seus braços.

— Quer fazer isso? — sussurra ele, me examinando com um olhar intenso.

— Ainda não assinei nada.

— Eu sei... mas estou quebrando todas as regras ultimamente.

— Vai me bater?

— Vou, mas não vai ser para machucar. Neste momento, não quero punir você. Se tivesse me encontrado ontem à noite, bem, aí seria outra história.

Que droga. Ele quer me machucar... como lido com isso? Não consigo disfarçar a expressão horrorizada.

— Não deixe ninguém tentar convencê-la do contrário, Anastasia. Uma das razões pelas quais pessoas como eu entram nessa é o fato de gostarmos de sofrer ou de causar sofrimento. É muito simples. Você não gosta, então passei um bom tempo ontem pensando sobre isso.

Ele me puxa de encontro a seu corpo, e sua ereção pressiona minha barriga. Eu devia fugir, mas não consigo. Sou atraída por ele em algum nível profundo e primitivo que nem consigo começar a entender.

— Chegou a alguma conclusão? — murmuro.

— Não, e, neste momento, só quero amarrar e foder você até que perca os sentidos. Está preparada para isso?

— Estou — digo baixinho e sinto um aperto em todas as entranhas ao mesmo tempo... nossa.

— Ótimo. Venha. — Deixando a louça suja no balcão da cozinha, ele pega minha mão, e nos dirigimos à escada.

Meu coração começa a disparar. Pronto. Vou realmente fazer isso. Minha deusa interior está girando como uma bailarina profissional, fazendo uma pirueta atrás da outra. Ele abre a porta do quarto de jogos, dando um passo atrás para eu passar, e estou mais uma vez no Quarto Vermelho da Dor.

Está igual, o cheiro de couro, a cera de aroma cítrico e a madeira escura, tudo muito sensual. O sangue corre quente e assustado por minhas veias — uma mistura de adrenalina, luxúria e desejo. É uma combinação embriagadora e forte. A postura de Christian é outra, sutilmente alterada, mais dura e mais cruel. Ele me olha, e seus olhos estão excitados, lascivos... hipnóticos.

— Quando está aqui dentro, você é totalmente minha — diz em tom baixo, medindo cada palavra pronunciada lentamente. — Para fazer o que eu quiser. Entendeu?

O olhar dele é tão intenso que balanço a cabeça concordando, a boca seca, o coração parecendo que vai pular para fora do peito.

— Tire os sapatos — ordena ele num tom doce.

Engulo em seco e, muito sem jeito, me descalço. Ele se abaixa, pega os sapatos e os deixa ao lado da porta.

— Ótimo. Não hesite quando eu pedir para fazer algo. Agora vou tirar seu vestido. Ando querendo fazer isso há alguns dias. Quero que você se sinta confortável com seu corpo, Anastasia. Você tem um corpo lindo, e gosto de olhar para ele. É um prazer observá-lo. Na verdade, eu poderia passar o dia inteiro olhando para você, e não quero que fique constrangida e envergonhada com sua nudez. Entendeu?

— Sim.

— Sim o quê?

Ele se inclina sobre mim, o olhar irritado.

— Sim, senhor.

— Está falando sério? — diz ele secamente.

— Sim, senhor.

— Ótimo. Levante os braços acima da cabeça.

Faço o que me foi ordenado, ele se abaixa e pega a barra do vestido. Lentamente, vai subindo com ele e descobre minhas coxas, os quadris, a barriga, os seios, os ombros, até tirá-lo pela cabeça. Dá um passo atrás para me examinar e distraidamente dobra o vestido, sem tirar os olhos de mim. Coloca-o na cômoda grande ao lado da porta. Estica o braço e puxa meu queixo, o toque dele me queima.

— Você está mordendo o lábio — murmura. — Sabe o que isso faz comigo — acrescenta num tom sinistro. — Vire-se de costas.

Viro-me imediatamente, sem hesitar. Ele desabotoa meu sutiã e, então, segurando as alças, vai deslizando lentamente pelos meus braços, roçando minha pele com os dedos e, com a ponta dos polegares, retira-o. Seu toque me dá um calafrio na espinha, despertando todas as terminações nervosas do meu corpo. Está parado atrás de mim, tão perto que sinto o calor irradiando do corpo dele, me aquecendo, me aquecendo toda. Ele puxa meu cabelo, que se solta e cai nas costas, agarra uma mecha na altura da nuca, e inclina minha cabeça para um lado. Vai deslizando o nariz pelo meu pescoço descoberto, inspirando profundamente, depois retorna até minha orelha. Sinto um aperto dentro de mim, carnal e cheio de desejo. Minha nossa, ele mal me tocou e eu o quero.

— Seu cheiro está divino como sempre, Anastasia — sussurra ao me dar um beijo doce embaixo da orelha.

Gemo.

— Quieta — sussurra. — Não faça nenhum ruído.

Ele puxa meu cabelo para trás, e, para minha surpresa, começa a entrelaçá-lo com dedos ágeis e habilidosos, formando uma trança única. Amarra-a com uma presilha invisível quando termina, e lhe dá um puxão seco, forçando-me a encostar nele.

— Gosto do seu cabelo trançado — sussurra.

Humm... por quê?

Ele larga meu cabelo.

— Vire-se — ordena.

Obedeço, a respiração entrecortada, com um misto de medo e desejo. É uma mistura embriagadora.

— Quando eu disser para vir aqui, é assim que você vai se vestir. Só de calcinha. Entendeu?

— Sim.

— Sim, o quê?

Ele me olha furioso.

— Sim, senhor.

Um indício de sorriso se esboça no canto da sua boca.

— Boa garota. — Seus olhos queimam os meus. — Quando eu disser para vir aqui, quero que você se ajoelhe ali. — Ele aponta para um ponto ao lado da porta. — Faça isso agora.

Pisco, processando as palavras dele, então me viro e, de um jeito meio desajeitado, ajoelho-me, como fui instruída.

— Pode se sentar sobre os calcanhares.

Sento-me.

— Pouse as mãos e os antebraços nas coxas. Ótimo. Agora afaste os joelhos. Mais. Mais um pouco. Perfeito. Olhe para o chão.

Ele vem até mim, e posso ver seus pés e suas canelas. Pés descalços. Eu devia estar anotando se ele quiser que eu me lembre. Ele se abaixa e pega de novo minha trança, depois puxa minha cabeça para trás, fazendo-me olhar para ele. Dói só um pouquinho.

— Vai se lembrar dessa posição, Anastasia?

— Sim, senhor.

— Ótimo. Fique aí, não se mexa.

Ele sai do quarto.

Estou ajoelhada, esperando. Aonde ele foi? O que vai fazer comigo? O tempo se altera. Não tenho ideia de quanto tempo ele me deixa assim... alguns minutos, cinco, dez? Minha respiração fica mais acelerada, a expectativa está me devorando por dentro.

E, de repente, ele volta — e fico mais calma e mais excitada ao mesmo tempo. Será que eu poderia ficar mais excitada? Posso ver seus pés. Ele mudou de calça. Esta é mais velha, rasgada, macia, e superdesbotada. Merda. A calça jeans é sexy. Ele fecha a porta e pendura alguma coisa atrás.

— Boa garota, Anastasia. Você está adorável assim. Ótimo. Levante-se.

Levanto-me, mas fico de cabeça baixa.

— Pode olhar para mim.

Olho para ele, que está me fitando com atenção, avaliando. Porém, sua expressão é mais doce. Está sem camisa. Nossa... quero tocar nele. Sua calça jeans tem o botão aberto.

— Vou acorrentá-la agora, Anastasia. Me dê a mão direita.

Dou-lhe a mão direita. Ele vira a palma para cima e, quando vejo, já a acertou bem no meio com um chicote de montaria que eu não tinha percebido em sua mão direita. Isso acontece tão depressa que a surpresa nem se registra. E o que é mais espantoso — não dói. Bem, não muito, só arde um pouco.

— Que tal isto? — pergunta ele.

Pisco para ele, confusa.

— Responda.

— Ok. — Franzo a testa.

— Não franza a testa.

Pisco e tento ficar impassível. Consigo.

— Doeu?

— Não.

— Isso não vai machucar. Entendeu?

— Entendi.

Meu tom de voz é inseguro. Será que não vai machucar mesmo?

— Estou falando sério — diz ele.

Nossa, minha respiração está muito acelerada. Será que ele sabe o que estou pensando? Ele me mostra o chicote. É de couro marrom trançado. Ergo os olhos de repente para encará-lo, e ele tem o olhar ardente e levemente divertido.

— Nosso objetivo é satisfazer, Srta. Steele — murmura. — Venha.

Ele pega meu braço, coloca-me embaixo da grade e se estica para pegar algemas de couro preto.

— Esta grade é desenhada para que as algemas possam correr por ela.

Olho para cima. Puta merda — parece um mapa de metrô.

— Vamos começar aqui, mas quero foder você em pé. Então vamos acabar perto daquela parede.

Ele aponta com o chicote para o grande X de madeira na parede.

— Ponha as mãos acima da cabeça.

Obedeço imediatamente, com a sensação de estar saindo do corpo — como se eu fosse uma observadora casual dos acontecimentos à medida que eles se desenrolam à minha volta. Isso é mais que fascinante, mais que erótico. É a coisa mais excitante e mais assustadora que já fiz na vida. Estou confiando num homem lindo, que, segundo ele mesmo confessa, foi fodido em cinquenta tons diferentes. Sufoco o breve estremecimento de medo. Kate e Elliot sabem que estou aqui.

Ele fica bem próximo de mim ao colocar as algemas. Olho para seu peito. Sua proximidade é divina. Seu cheiro é uma mistura inebriante de sabonete com odor natural, e isso me arrasta de volta para o momento presente. Quero passar o nariz e a língua nos pelos desse peito. Bastaria eu me inclinar para a frente...

Ele dá um passo para trás e me olha, a expressão velada, sacana, sensual, e estou impotente, as mãos amarradas, mas só de olhar para seu belo rosto, ver a sua carência e seu desejo por mim, posso sentir a umidade entre minhas pernas. Ele anda lentamente a meu redor.

— Você fica maravilhosa atada assim, Srta. Steele. E com essa boca rápida calada por ora. Gosto disso.

Parado de novo à minha frente, ele engancha os dedos na minha calcinha e a abaixa sem a menor pressa, despindo-me dela com uma lentidão de doer, até terminar ajoelhado diante de mim. Sem desgrudar os olhos dos meus, amassa a calcinha, leva-a ao nariz e inspira profundamente. Puta merda. Ele acabou de fazer isso mesmo? Sorri com malícia para mim e mete a calcinha no bolso da calça.

Levantando-se do chão preguiçosamente como um gato selvagem, aponta a extremidade do chicote para meu umbigo, rodeando-o sem pressa — me tentando. Ao sentir o toque do couro, estremeço e arquejo. Ele me rodeia de novo, arrastando o chicote em movimentos circulares pela minha barriga. Na segunda volta, empunha o chicote repentinamente, e me golpeia por baixo... acertando meu sexo. Grito surpresa, todas as terminações nervosas em alerta. Estico as correntes. O choque me percorre, e a sensação de prazer é doce e estranha.

— Quieta — murmura, rondando-me de novo, o chicote ligeiramente mais alto na minha barriga. Dessa vez, quando torna a me bater no mesmo lugar, antecipo o golpe. Meu corpo se contorce com a doce aguilhoada.

Ao me rodear, ele volta a brandir o chicote, dessa vez acertando meu mamilo, e jogo a cabeça para trás enquanto minhas terminações nervosas vibram. Ele acerta o outro... um castigo rápido e doce. O ataque faz meus mamilos se intumescerem, e eu gemo, puxando as algemas de couro.

— Isso é gostoso? — pergunta ele.

— Sim.

Ele me bate de novo nas nádegas. Dessa vez dói.

— Sim o quê?

— Sim, senhor — choramingo.

Ele para... mas já não consigo vê-lo. Estou de olhos fechados tentando absorver a miríade de sensações percorrendo meu corpo. Muito devagar, ele desfere uma grande quantidade de pequenas chicotadas pela minha barriga. Sei aonde isso vai dar e tento me preparar psicologicamente — mas quando ele atinge meu clitóris, dou um grito.

— Ah... por favor! — gemo.

— Quieta — ordena ele, e torna a me bater nas nádegas.

Eu não esperava que isso fosse assim... estou perdida. Perdida num mar de sensações. E de repente, ele está arrastando o chicote no meu sexo, dos pelos pubianos até a entrada da vagina.

— Está vendo como você fica molhada com isso, Anastasia? Abra os olhos e a boca.

Obedeço, completamente seduzida. Ele enfia a ponta do chicote na minha boca, como em meu sonho. Puta merda.

— Sinta seu gosto. Chupe. Chupe com força.

Fecho a boca em volta do chicote e fico com os olhos grudados nos dele. Sinto o gosto do couro e o sabor salgado da minha excitação. Os olhos dele estão em chamas. Está muito satisfeito.

Ele puxa o chicote da minha boca, fica diante de mim e me agarra e me beija violentamente, sua língua invadindo minha boca. Depois me abraça e me aperta contra seu corpo. Seu peito esmaga o meu, e estou louca para tocar nele, mas não posso, as mãos inúteis presas no alto.

— Ah, Anastasia, você é muito gostosa — sussurra ele. — Faço você gozar?

— Por favor — suplico.

Levo uma chicotada nas nádegas. Ai!

— Por favor o quê?

— Por favor, senhor — choramingo.

Ele sorri para mim, triunfante.

— Com isso? — Ele segura o chicote para eu ver.

— Sim, senhor.

— Tem certeza? — Ele me olha severo.

— Sim, senhor, por favor.

— Feche os olhos.

Deixo de ver o quarto, ele... o chicote. Ele começa de novo a me dar aquelas chicotadas na barriga. Descendo um pouco, elas golpeiam de leve meu clitóris, uma, duas, três vezes, e de novo e de novo até afinal, pronto — eu não aguento mais — e gozo gloriosa e escandalosamente, relaxando. Os braços dele me envolvem e minhas pernas viram gelatina. Dissolvo em seus braços, a cabeça encostada em seu peito, e estou miando e gemendo enquanto as réplicas do meu orgasmo me consomem. Ele me levanta do chão, e, de repente, estamos andando, eu com os braços ainda amarrados no alto. Sinto a madeira fria e encerada do X em minhas costas, ele desabotoa a calça e me coloca no chão encostada na estrutura ao botar a camisinha, e então me segura pelas coxas e me levanta de novo.

— Levante as pernas e enrosque-se em mim.

Sinto-me muito fraca, mas obedeço enquanto ele põe minhas pernas em volta de seus quadris e se posiciona embaixo de mim. Com um tranco, ele está dentro de mim, e grito de novo, escutando o gemido abafado dele no meu ouvido. Descanso os braços em seus ombros ao ser penetrada. Nossa, está metendo muito fundo. Ele mete de novo, e de novo, o rosto no meu pescoço, a respiração áspera na minha garganta. Sinto novamente a sensação crescendo. Não... de novo, não... Acho que meu corpo não vai aguentar outro tranco. Mas não tenho escolha... e, com a inevitabilidade que já está ficando familiar, relaxo e gozo mais uma vez, e é uma agonia doce e intensa. Perco toda a noção de identidade. Christian acompanha, gritando de alívio entre dentes cerrados, me abraçando com força.

Ele se retira de mim rapidamente e me coloca sentada no X, com seu corpo me apoiando. Desafivela as algemas, solta minhas mãos, e nós dois afundamos no chão. Ele me puxa para seu colo, me aconchegando, e encosto a cabeça em seu peito. Se tivesse forças, eu tocaria nele, mas não tenho. Com um pouco de atraso, noto que ainda está usando a calça.

— Muito bem — murmura. — Doeu?

— Não — sussurro.

Mal consigo manter os olhos abertos. Por que estou tão cansada?

— Esperava que doesse? — pergunta ele ao me envolver mais para perto, tirando do meu rosto uns cachos que se soltaram.

— Sim.

— Está vendo? O medo está na sua cabeça, Anastasia. — Ele faz uma pausa. — Você faria isso de novo?

Penso um instante, o cansaço turvando minha mente... De novo?

— Sim. — Minha voz é doce.

Ele me abraça apertado.

— Ótimo. Eu também — murmura ele, depois se inclina e me dá um beijo macio no alto da cabeça.

— E ainda não acabei com você.

Ainda não acabou comigo. Deus do céu. Não tenho condições de continuar. Estou absolutamente exausta e lutando contra um desejo avassalador de dormir. Estou encostada em seu peito, os olhos fechados, e ele está enroscado em mim — com os braços e as pernas — e me sinto... segura, e muito confortável. Será que ele vai me deixar dormir, quem sabe, sonhar? Sorrio diante dessa ideia boba, e, encostando o rosto no peito dele, inspiro aquele perfume único e esfrego o nariz nele, mas na mesma hora ele fica tenso... ai, merda. Abro os olhos para olhá-lo. Está me encarando.

— Não — avisa baixinho.

Enrubesço e olho de novo para o peito dele, cheia de desejo. Quero passar a língua em seus pelos, beijá-lo e, pela primeira vez, vejo que ele tem o peito salpicado de pequeninas cicatrizes redondas. Catapora? Sarampo?, penso distraidamente.

— Ajoelhe-se ao lado da porta — ordena ao se sentar, colocando as mãos nos joelhos, finalmente me soltando.

Já não está carinhoso, a temperatura de sua voz caiu vários graus.

Levanto-me desajeitadamente, corro até a porta e me ajoelho conforme fui instruída. Estou trêmula e cansadíssima, bastante confusa. Quem diria que eu poderia encontrar tamanha satisfação neste quarto? Quem diria que isso seria tão exaustivo? Meus braços e minhas pernas estão pesados, saciados. Minha deusa interior colocou um aviso de NÃO PERTURBE do lado de fora do quarto.

Christian está andando na periferia do meu campo visual. Minhas pálpebras começam a se fechar.

— Eu a estou aborrecendo, Srta. Steele?

Desperto com um sobressalto, e Christian está em pé na minha frente, braços cruzados, me fuzilando com os olhos. Ai, merda, fui pega cochilando — isso não vai ser bom. Seu olhar suaviza quando olho para ele.

— Levante-se — ordena.

Ponho-me de pé com cautela. Ele fica me olhando e esboça um sorriso.

— Você está um caco, não é?

Balanço a cabeça concordando, timidamente, e fico vermelha.

— Força, Srta. Steele. — Ele franze os olhos para mim. — Ainda não estou satisfeito. Fique de mãos postas como se estivesse rezando.

Pisco para ele. Rezando! Rezando para você pegar leve comigo. Obedeço. Ele pega uma braçadeira de plástico e a prende bem apertada em volta dos meus pulsos. Que inferno. Meus olhos voam para os dele.

— Está reconhecendo? — pergunta, sem conseguir disfarçar o sorriso.

Putz... as braçadeiras. Ele estava se reabastecendo na Clayton’s! Tudo se esclarece. Olho para ele boquiaberta, sentindo uma nova descarga de adrenalina. Tudo bem — isso me chamou a atenção — já estou acordada.

— Tenho uma tesoura aqui — ele a segura para eu ver. — Posso cortar a braçadeira e soltá-la imediatamente.

Tento separar os pulsos, testando a braçadeira, e o plástico afunda na minha carne quando faço isso. Dói, mas se eu relaxar os pulsos, não incomoda — o fio não corta minha pele.

— Venha.

Ele pega minhas mãos e me conduz para a cama de quatro colunas. Vejo agora que está arrumada com lençóis vermelhos e tem uma algema em cada canto.

Ele se abaixa e murmura no meu ouvido:

— Quero mais. Muito mais.

E meu coração dispara de novo. Caramba.

— Mas vou ser rápido. Você está cansada. Segure a coluna.

Franzo a testa. Então não é na cama? Descubro que posso separar as mãos ao segurar a coluna de madeira entalhada.

— Mais embaixo — ordena ele. — Ótimo. Não solte. Se soltar, apanha. Entendeu?

— Sim, senhor.

— Ótimo.

Ele fica em pé atrás de mim, agarra meus quadris e me levanta, fazendo com que eu fique inclinada para a frente, segurando a coluna.

— Não solte, Anastasia — avisa. — Vou foder você com força por trás. Segure a coluna para se apoiar. Entendeu?

— Sim.

Ele me dá uma palmada na bunda. Ai... dói.

— Sim, senhor — digo depressa.

— Abra as pernas.

Ele põe a perna entre as minhas, e, segurando meus quadris, empurra minha perna direita para o lado.

— Assim é melhor. Depois disso, deixo você dormir.

Dormir? Estou ofegante. Não estou pensando em dormir agora. Ele estica o braço e me afaga as costas suavemente.

— Você tem uma pele linda, Anastasia — sussurra, abaixando-se e cobrindo minhas costas de beijos leves como plumas ao longo da coluna.

Ao mesmo tempo, traz as mãos para a frente do meu corpo, apalpando meus seios, e, ao fazer isso, prende meus mamilos entre os dedos e os puxa com delicadeza.

Abafo um gemido ao sentir o corpo todo responder, se acendendo de novo para ele.

Ele me morde e me chupa delicadamente na cintura, puxando meus mamilos, e minhas mãos apertam a coluna finamente entalhada. Suas mãos se afastam, e ouço o agora familiar ruído de papel laminado sendo rasgado, e ele se desvencilha das calças.

— Você tem uma bunda muito atraente e sensual, Anastasia Steele. O que eu gostaria de fazer com ela?

Suas mãos alisam e moldam cada uma das minhas nádegas, então seus dedos descem, e ele enfia dois deles dentro de mim.

— Tão molhadinha. Você nunca me decepciona, Srta. Steele — murmura ele, e percebo seu tom de assombro. — Se segure bem... vai ser rápido, baby.

Ele agarra meus quadris e se posiciona, e eu me preparo para o ataque, mas ele estica o braço e agarra a ponta da minha trança, enrolando-a no pulso até minha nuca, firmando minha cabeça. Muito lentamente, ele me penetra, puxando meu cabelo ao mesmo tempo. Ah, a sensação de preenchimento. Ele sai de mim lentamente, e sua outra mão segura meus quadris com firmeza, e então ele me penetra com força, me sacudindo para a frente.

— Segure-se, Anastasia! — grita entre dentes.

Agarro a coluna com mais força, me movendo de encontro a ele enquanto continua aquela acometida impiedosa, de novo e de novo, os dedos deixando sua marca em meus quadris. Meus braços doem, minhas pernas estão bambas, meu couro cabeludo começa a arder de tanto que ele puxa meu cabelo... e sinto algo crescendo dentro de mim. Ah, não... e, pela primeira vez, tenho medo do meu orgasmo... se eu gozar... vou desmaiar. Christian continua movimentando o corpo com brutalidade contra o meu, a respiração áspera, gemendo, grunhindo. Meu corpo está respondendo... como? Sinto um espasmo. Mas, de repente, Christian para, cravando fundo para valer.

— Vamos, Ana, goze para mim — grunhe ele, e meu nome em seus lábios me leva à loucura, e me transformo na vertiginosa sensação física e no doce orgasmo, perdendo total e completamente os sentidos.

Quando volto à razão, estou deitada em cima dele. Ele está de costas no chão e eu estou olhando para o teto, exultante naquela exaustão pós-coito. Ah... os mosquetões, penso distraidamente — eu tinha me esquecido deles. Christian esfrega o nariz na minha orelha.

— Levante as mãos — diz ele baixinho.

Meus braços parecem de chumbo, mas eu os levanto. Ele pega a tesoura e passa uma lâmina sob o plástico.

— Eu a declaro inaugurada — sussurra, ao cortar o plástico.

Rio, e esfrego os pulsos depois que são soltos. Sinto a satisfação dele.

— Que som encantador — diz nostalgicamente.

Senta-se de repente, me levando junto, e fico outra vez em seu colo.

— A culpa é minha — diz ele, e me leva para a frente para poder massagear meus ombros e braços. Delicadamente, ele ativa a circulação dos meus membros.

O quê?

Olho-o atrás de mim, tentando entender o que quer dizer.

— Por você não rir com mais frequência.

— Não sou de ficar rindo à toa — resmungo sonolenta.

— Ah, mas quando isso acontece, Srta. Steele, é um deleite para os sentidos.

— Muito lisonjeiro, Sr. Grey — murmuro, tentando ficar de olhos abertos.

Ele relaxa e sorri.

— Eu diria que você está muito fodida e precisa dormir.

— Isso não foi nada lisonjeiro — resmungo jovialmente.

Ele sorri e me retira delicadamente de cima dele ao se levantar, gloriosamente nu. Desejo por um instante estar mais desperta para poder realmente apreciá-lo. Ele pega a calça e a veste, sem cueca.

— Não quero assustar o Taylor, nem a Sra. Jones quanto a isso — diz.

Humm... eles devem saber que filho da mãe sacana ele é. A ideia me preocupa.

Ele se abaixa para me ajudar a ficar em pé e me conduz até a porta, atrás da qual está pendurado um roupão atoalhado cinza. Pacientemente, me veste como se eu fosse uma criancinha. Não tenho forças para levantar os braços. Quando estou coberta e respeitável, ele se abaixa e me dá um beijo delicado, a boca se abrindo num rápido sorriso.

— Para a cama — diz ele.

Ah... não...

— Para dormir — acrescenta ao ver minha expressão.

De repente, me levanta e me carrega encolhida no colo para o quarto mais adiante no corredor onde a Dra. Greene me examinou hoje. Vou com a cabeça caída em seu peito. Estou exausta. Não me lembro de já ter estado tão cansada. Ele afasta o edredom, me deita na cama e, o que é mais surpreendente, se deita ao meu lado e me abraça.

— Agora durma, linda menina — murmura, beijando meu cabelo.

E antes de poder fazer um comentário divertido, já adormeci.

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