CAPÍTULO VINTE
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Christian atravessa a porta de madeira do ancoradouro como um foguete e se detém para ligar alguns interruptores. Ouço as lâmpadas fluorescentes estalando e zumbindo em sequência enquanto uma claridade dura inunda a ampla construção de madeira. De cabeça para baixo, noto um iate impressionante flutuando docemente na água escura da doca, mas só o vejo de relance, pois ele logo sobe uma escada de madeira me carregando para o andar de cima.
Ele para no portal e liga outro interruptor — acendendo agora lâmpadas halógenas, que são mais suaves, com regulador de intensidade — e estamos em um sótão de teto inclinado. A decoração é em estilo náutico da Nova Inglaterra: combinação de azul-marinho e creme com traços de vermelho. Há poucos móveis, dois sofás e é tudo o que consigo ver.
Christian me coloca de pé no chão de madeira. Não tenho tempo de examinar o ambiente — meus olhos não conseguem desgrudar dele. Estou fascinada... observando-o como alguém faria com um predador raro e perigoso, esperando o bote. Ele está ofegante, acabou de atravessar o gramado e subir um lance de escada me carregando nas costas. Os olhos cinzentos estão inflamados de raiva, desejo e pura e legítima volúpia.
Puta merda. Eu poderia entrar em combustão espontânea só com o olhar dele.
— Por favor, não me bata — sussurro, implorando.
Ele fecha a cara, arregalando os olhos. Pisca duas vezes.
— Não quero apanhar de você, aqui, agora. Por favor, não me bata.
Ele fica boquiaberto, surpreso. Num rasgo de coragem, estico o braço hesitantemente e toco seu rosto, correndo os dedos pela borda da sua costeleta até a barba crescida em seu queixo. É uma mistura curiosa de maciez com aspereza. Ele fecha os olhos lentamente, encosta o rosto na minha mão e fica com a respiração presa na garganta. Levanto a outra mão e corro os dedos pelo seu cabelo. Ele solta um gemido quase inaudível e, quando abre os olhos, está com o olhar desconfiado, como se não entendesse o que estou fazendo.
Adianto-me, ficando mais perto dele, puxo-o delicadamente pelo cabelo, trazendo sua boca até a minha, e beijo-o, enfiando a língua em sua boca por entre seus lábios. Ele geme e me abraça, puxando-me para junto de seu corpo. Suas mãos encontram meu cabelo, e, forte e possessivo, ele retribui meu beijo. Nossas línguas se enroscam, consumindo-se mutuamente. O gosto dele é divino.
De repente, ele recua, nossas respirações ofegantes se misturando. Deixo cair as mãos em seus braços, e ele me olha furioso.
— O que está fazendo comigo? — sussurra, confuso.
— Beijando você.
— Você disse não.
— O quê?
Não para quê?
— Na mesa de jantar, com suas pernas.
Ah... então é tudo por causa disso.
— Mas estávamos na mesa de jantar dos seus pais. — Olho para ele completamente perplexa.
— Ninguém jamais me disse não antes. E isso é muito... excitante.
Seus olhos se arregalam, cheios de espanto e desejo. É uma mistura embriagadora. Engulo em seco instintivamente. Suas mãos descem para minha bunda. Ele me puxa com força contra seu corpo, contra sua ereção.
Minha nossa...
— Você ficou zangado e excitado porque eu disse não? — suspiro espantada.
— Estou zangado porque você nunca me falou da Geórgia. Estou zangado porque você foi beber com aquele cara que tentou seduzi-la quando estava bêbada e a largou com uma pessoa praticamente desconhecida quando você estava passando mal. Que tipo de amigo faz isso? E estou zangado e excitado porque você fechou as pernas para mim.
Seus olhos têm um brilho perigoso, e ele está levantando minha saia devagarinho.
— Eu quero você, e quero agora. E se não vai me deixar bater em você, que é o que merece, vou trepar com você nesse sofá agora mesmo, para o meu prazer, não o seu.
Meu vestido mal cobre meu traseiro nu. De repente ele faz um movimento, envolve meu sexo com a mão e enfia o dedo devagarinho dentro de mim. Com o outro braço em volta da minha cintura, ele me imobiliza. Sufoco o gemido.
— Isso é meu — sussurra ele, agressivo. — Todo meu. Entendeu?
Ele fica tirando e enfiando o dedo enquanto me olha, avaliando minha reação, o olhar pegando fogo.
— Sim, seu — sussurro, sentindo aquele tsunami de desejo se propagando pela minha corrente sanguínea, afetando tudo. Minhas terminações nervosas, minha respiração. Meu coração dispara, tentando sair do peito, e o sangue lateja em meus ouvidos.
Com um movimento brusco, ele faz várias coisas ao mesmo tempo: retira os dedos de dentro de mim, fazendo com que eu fique querendo mais, abre a braguilha, me empurra para o sofá e se deita por cima de mim.
— Mãos na cabeça — ordena, dentes cerrados ao se ajoelhar para afastar mais minhas pernas.
Olhando para mim com uma cara sinistra, põe a mão no bolso do paletó e saca um envelopinho de papel laminado antes de se desvencilhar do blazer que cai no chão. Ele coloca a camisinha naquela extensão impressionante.
Ponho as mãos na cabeça, e sei que isso é para eu não tocar nele. Estou muito excitada. Sinto meus quadris já se mexendo ao encontro dele — querendo-o dentro de mim — bruto e duro. Ah... a expectativa.
— Não temos muito tempo. Isso vai ser rápido, e é para mim, não para você. Entendeu? Não goze, ou vai apanhar — diz entre dentes.
Puta que pariu... como eu paro?
Com uma estocada rápida, ele está dentro de mim. Dou um gemido gutural, e exulto ao ser possuída dessa forma tão plena. Ele põe as mãos sobre as minhas no alto da minha cabeça, força meus braços com os cotovelos, abaixando-os e abrindo-os, e me imprensa com as pernas. Estou presa. Ele me preenche por inteiro, esmagando-me, quase me sufocando. Mas isso também é divino. É a minha força, é o que eu quero que ele faça, é uma sensação hedonística. Ele se mexe com rapidez e fúria dentro de mim, a respiração áspera em meu ouvido, e meu corpo responde, derretendo em volta dele. Não posso gozar. Não. Mas estou indo e vindo ao encontro de cada investida dele, um contraponto perfeito. Bruscamente, e muito depressa, ele arremete com força e para ao chegar ao orgasmo, sibilando entre dentes. Relaxa por um instante, e sinto todo o seu peso gostoso em cima de mim. Não estou pronta para deixá-lo se retirar, meu corpo deseja muito um orgasmo, mas ele é muito pesado, e, naquele momento, não consigo me mexer. Aí, ele sai, me deixando com sede de mais. Ele me olha com raiva.
— Não se masturbe. Quero você frustrada. É isso que você me provoca ao não falar comigo, ao me negar o que é meu.
Seus olhos estão de novo pegando fogo, zangados.
Balanço a cabeça, arfando. Ele se levanta, tira a camisinha, amarra-a na ponta e a põe no bolso da calça. Olho para ele, a respiração ainda irregular, e, sem querer, aperto as coxas, tentando me aliviar um pouco. Christian fecha a braguilha e passa a mão no cabelo ao pegar o blazer. Volta os olhos para mim, a expressão mais suave.
— É melhor a gente voltar para lá.
Sento-me, sem muita firmeza, aturdida.
— Tome. Pode vestir isso.
Do bolso interno, ele saca minha calcinha. Não sorrio ao pegá-la da mão dele, mas, no fundo, eu sei — fui punida com essa trepada, mas tive uma pequena vitória com a calcinha. Minha deusa interior balança a cabeça concordando, um sorriso de satisfação no rosto.
Você não precisou pedi-la.
— Christian! — grita Mia do térreo.
Ele se vira e levanta as sobrancelhas para mim.
— Bem na hora. Nossa, às vezes ela é muito irritante.
Olho para ele do mesmo jeito, visto a calcinha às pressas, devolvendo-a a seu devido lugar, e me levanto com toda a dignidade que consigo reunir no estado de pós-foda. Rapidamente, tento ajeitar meu cabelo de quem acabou de trepar.
— Aqui em cima, Mia — grita ele. — Bem, Srta. Steele, sinto-me melhor por isso, mas ainda quero espancar você — diz ele baixinho.
— Acho que não mereço isso, Sr. Grey, especialmente depois de tolerar seu ataque a troco de nada.
— A troco de nada? Você me beijou.
Ele faz de tudo para parecer magoado.
Contraio os lábios.
— Foi um ataque como a melhor forma de defesa.
— Defesa contra o quê?
— Você e sua mão descontrolada.
Ele inclina a cabeça e sorri para mim enquanto Mia está subindo a escada.
— Mas foi tolerável? — pergunta ele baixinho.
Enrubesço.
— Muito pouco — sussurro, mas não consigo evitar o sorriso.
— Ah, vocês estão aí.
Ela sorri para nós.
— Eu estava mostrando a propriedade a Anastasia.
Christian me estende a mão, os olhos intensos.
— Kate e Elliot já vão embora. Aqueles dois não são incríveis? Não conseguem ficar sem se tocar. — Mia finge estar aborrecida com isso e olha de Christian para mim. — O que andaram fazendo aqui?
Nossa, ela é direta. Fico vermelha.
— Estava mostrando a Anastasia meus troféus de remo — diz Christian sem titubear, com cara de paisagem. — Vamos nos despedir de Kate e Elliot.
Troféus de remo? Ele me puxa delicadamente para sua frente e, quando Mia se vira para sair, dá uma palmada na minha bunda. Arquejo com a surpresa.
— Vou fazer isso de novo, Anastasia, e logo — ameaça ele serenamente no meu ouvido, depois me abraça por trás e beija meu cabelo.
* * *
NA CASA, KATE e Elliot estão se despedindo de Grace e do Sr. Grey. Kate me dá um abraço apertado.
— Preciso falar com você sobre sua hostilidade em relação ao Christian — sibilo baixinho no ouvido dela.
— Ele precisa ser hostilizado, só assim você pode ver como ele realmente é. Cuidado, Ana. Ele é muito controlador — murmura ela. — Até logo.
EU SEI COMO ELE É, VOCÊ NÃO!, grito mentalmente para ela. Sei muito bem que ela quer meu bem, mas, às vezes, ela simplesmente passa dos limites, e neste momento já ultrapassou tanto que chegou ao Estado vizinho. Olho de cara feia para ela, e ela me mostra a língua, fazendo-me rir a contragosto. A Kate brincalhona é novidade, deve ser influência de Elliot. Despedimo-nos deles à porta, e Christian se vira para mim.
— A gente devia ir embora também. Você tem entrevistas amanhã.
Mia me dá um abraço carinhoso e nos despedimos.
— Nunca pensamos que ele encontraria alguém! — diz com um entusiasmo exagerado.
Enrubesço e Christian revira os olhos de novo. Contraio os lábios. Por que ele pode fazer isso e eu não? Quero revirar os olhos para ele também, mas não me atrevo, não depois da ameaça no ancoradouro.
— Cuide-se, Ana, querida — diz Grace com simpatia.
Christian, constrangido ou frustrado pela atenção generosa que estou recebendo dos Grey remanescentes, pega minha mão e me puxa para seu lado.
— Não vamos assustá-la nem estragá-la com excesso de carinho — resmunga.
— Christian, pare de provocar — Grace o censura com indulgência, os olhos brilhando de amor e carinho por ele.
De alguma maneira, não acho que ele esteja provocando. Observo disfarçadamente a interação deles. É evidente que Grace o adora com um amor incondicional de mãe. Ele se abaixa e a beija sem naturalidade.
— Mãe — diz, e há um tom subjacente em sua voz, talvez de reverência.
— Sr. Grey, até logo e obrigada. — Estendo a mão para ele e ele me abraça, também!
— Por favor, me chame de Carrick. Espero que a gente se veja de novo muito em breve, Ana.
Feitas as despedidas, Christian me conduz para o carro, onde Taylor está esperando. Será que ele ficou o tempo todo ali? Taylor abre a porta para mim, e me instalo no banco traseiro do Audi.
Sinto um peso saindo de meus ombros. Nossa, que dia. Estou exausta, física e emocionalmente. Depois de falar rapidamente com Taylor, Christian se instala no carro a meu lado e se vira para mim.
— Bem, parece que minha família também gosta de você — murmura.
Também? O deplorável pensamento sobre o motivo de eu ter sido convidada salta na minha cabeça, espontânea e inoportunamente. Taylor dá a partida no carro e sai da área iluminada do acesso à casa para a escuridão da rua. Olho para Christian e ele está me olhando.
— O que foi? — pergunta num tom calmo.
Por um instante, fico me questionando. Não. Vou contar. Ele vive reclamando de que não falo com ele.
— Acho que você acabou se sentindo obrigado a me trazer para conhecer seus pais. — Minha voz é doce e hesitante. — Se o Elliot não tivesse convidado a Kate, você nunca teria me convidado.
Não enxergo seu rosto no escuro, mas ele inclina a cabeça para mim, boquiaberto.
— Anastasia, estou satisfeito que você tenha conhecido meus pais. Por que é tão insegura? Isso sempre me espanta. Você é uma mulher muito forte e independente, mas tem ideias muito negativas sobre si mesma. Se eu não quisesse apresentá-la a eles, você não estaria aqui. Foi assim que se sentiu o tempo todo enquanto esteve lá?
Ah! Ele me queria lá — e isso é uma revelação. Ele não parece constrangido como estaria se estivesse me escondendo a verdade. Parece verdadeiramente satisfeito com minha presença... Sinto uma sensação quente se espalhar devagar pelas minhas veias. Ele balança a cabeça e pega minha mão. Olho nervosamente para Taylor.
— Não se preocupe com o Taylor. Fale comigo.
Encolho os ombros.
— Sim. Pensei isso. E outra coisa, eu só mencionei a Geórgia porque Kate estava falando em Barbados. Ainda não me decidi.
— Você quer ir ver sua mãe?
— Quero.
Ele me olha de um jeito estranho, como se estivesse travando uma luta interna.
— Posso ir com você? — acaba perguntando.
O quê?
— Hã... Acho que não é uma boa ideia.
— Por quê?
— Eu estava esperando uma trégua dessa... intensidade toda, para colocar meus pensamentos em ordem.
Ele me olha.
— Eu sou muito intenso?
Caio na gargalhada.
— Bota intenso nisso!
No clarão dos postes de luz que passam, vejo-o esboçar um sorriso.
— Está rindo de mim, Srta. Steele?
— Eu não me atreveria, Sr. Grey — respondo me fazendo de séria.
— Acho que se atreveria, e acho que ri de mim com frequência.
— Você é bem engraçado.
— Engraçado?
— Ah, é.
— Engraçado estranho ou engraçado rá-rá-rá?
— Ah... muito de um e um pouco do outro.
— O que predomina?
— Deixo para você decidir isso.
— Não sei se consigo decidir alguma coisa perto de você, Anastasia — diz ele com sarcasmo, depois continua baixinho: — Sobre o que você precisa pensar na Geórgia?
— Sobre nós — murmuro.
Ele me olha, impassível.
— Você disse que tentaria — retruca.
— Eu sei.
— Está reconsiderando?
— Talvez.
Ele se mexe, como se estivesse desconfortável.
— Por quê?
Puta merda. Como isso de repente virou uma conversa tão séria e importante? Fui pega de surpresa, como uma prova para a qual não estou preparada. O que digo? Porque acho que estou apaixonada, e você só me vê como um brinquedo? Porque eu não posso tocar em você, porque estou muito assustada para fazer qualquer demonstração de afeto caso você vacile ou me dê uma bronca ou pior — me bata? O que posso dizer?
Olho por um instante pela janela. O carro está passando pela ponte. Ambos estamos mergulhados na escuridão, disfarçando nossos pensamentos e sentimentos, mas não precisamos da noite para isso.
— Por quê, Anastasia? — Christian me pressiona para responder.
Encolho os ombros, encurralada. Não quero perdê-lo. Apesar de todas as suas exigências, de sua necessidade de controle, de seus vícios assustadores, nunca me senti tão viva quanto agora. É emocionante estar sentada aqui ao lado dele. Ele é muito imprevisível, sensual, inteligente e engraçado. Mas seu humor... ah — e ele quer me machucar. Diz que vai pensar a respeito das minhas reservas, mas isso ainda me assusta. Fecho os olhos. O que posso dizer? No fundo, eu só queria mais, mais afeto, mais o Christian brincalhão, mais... amor.
Ele aperta minha mão.
— Fale comigo, Anastasia. Não quero perder você. Essa última semana...
Estamos quase chegando ao fim da ponte, e a luz dos postes torna a iluminar a rua, de modo que seu rosto está ora iluminado, ora no escuro. E essa é uma metáfora muito adequada. Este homem, que já considerei um herói romântico, um corajoso cavaleiro valente — ou o cavaleiro das trevas, como ele disse. Ele não é um herói. É um homem com sérios e profundos problemas emocionais, e está me arrastando para a escuridão. Será que não posso guiá-lo para a luz?
— Eu ainda quero mais — sussurro.
— Eu sei — diz ele. — Vou tentar.
Pisco para ele, e ele larga minha mão e puxa meu queixo, soltando meu lábio mordido.
— Por você, Anastasia, eu vou tentar.
Está irradiando sinceridade.
E essa é a minha deixa. Solto o cinto de segurança e vou para o colo dele, pegando-o completamente de surpresa. Envolvo sua cabeça em meus braços e o beijo com vontade, e, em uma fração de segundo, ele está correspondendo.
— Fique comigo esta noite — sussurra. — Se for embora, vou passar a semana toda sem ver você. Por favor.
— Sim — aquiesço. — Eu também vou tentar. Vou assinar seu contrato.
E essa é uma decisão repentina.
Ele olha para mim.
— Assine depois da Geórgia. Pense sobre isso. Pense bem, baby.
— Vou pensar.
E seguimos calados por uns dois ou três quilômetros.
— Você realmente devia colocar o cinto de segurança — sussurra Christian colado em meu cabelo, em tom de censura, mas não se mexe para me tirar de seu colo.
De olhos fechados, esfrego o nariz no pescoço dele, absorvendo aquela sensual fragrância picante e almiscarada de Christian e sabonete líquido, com a cabeça em seu ombro. Deixo a mente divagar e me permito fantasiar que ele me ama. Ah, e isso é muito real, quase tangível, e uma pequena parte de meu desagradável inconsciente age de uma forma nada típica e se atreve a ter esperança. Tomo cuidado para não tocar em seu peito e só me aninho em seus braços com ele bem agarradinho a mim.
— Chegamos em casa — murmura Christian, e esta é uma frase muito tentadora, cheia de potencial.
Em casa, com Christian. Só que o apartamento dele é uma galeria de arte, não um lar.
Taylor abre a porta para nós e eu lhe agradeço timidamente, ciente de que dava para ele ouvir nossa conversa, mas seu sorriso simpático é tranquilizador e não demonstra nada. Depois que saímos do carro, Christian me avalia de maneira crítica. Ah, não... o que eu fiz agora?
— Por que você não trouxe um casaco? — pergunta espantado, tirando seu paletó e colocando-o em meus ombros.
Sinto uma onda de alívio.
— Deixei no carro novo — respondo sonolenta, bocejando.
Ele dá uma risadinha.
— Cansada, Srta. Steele?
— Sim, Sr. Grey. — Fico tímida sob seu exame minucioso e provocador. Mesmo assim, sinto que uma explicação se impõe. — Hoje fui solicitada de formas que eu nunca tinha considerado possíveis.
— Bem, se você realmente estiver sem sorte, posso solicitar um pouco mais — promete ao pegar minha mão e me conduzir para o prédio. Puta merda... de novo!
Olho para ele no elevador. Presumi que ele queria que eu dormisse com ele, depois me lembro que ele não dorme com ninguém, embora tenha dormido comigo algumas vezes. Franzo a testa, e, bruscamente, a expressão dele muda. Ele segura meu queixo, soltando o lábio que estou mordendo.
— Um dia, vou foder você neste elevador, Anastasia, mas agora você está cansada, então acho que devíamos nos ater a uma cama.
Ele segura meu lábio inferior com os dentes e puxa delicadamente. Derreto-me toda, e paro de respirar ao sentir aquele desejo despertando dentro de mim. Retribuo, mordendo seu lábio superior, provocando-o, e ele geme. Quando as portas do elevador se abrem, ele segura minha mão e me puxa para dentro do apartamento.
— Quer água ou alguma coisa?
— Não.
— Ótimo. Vamos para a cama.
Faço uma cara espantada.
— Vai se conformar com o simples e velho sexo baunilha?
Ele inclina a cabeça.
— Baunilha não tem nada de simples e velho. É um sabor muito intrigante — diz ele baixinho.
— Desde quando?
— Desde sábado passado. Por quê? Estava torcendo por algo mais exótico?
Minha deusa interior estica o pescoço.
— Ah, não. Para mim, já chega de exotismo por hoje.
Minha deusa interior faz bico, sem conseguir esconder o desapontamento.
— Tem certeza? Temos todos os sabores aqui, ou pelo menos trinta e um. — Ele sorri para mim sensualmente.
— Já reparei — respondo secamente.
Ele balança a cabeça.
— Vamos, Srta. Steele, você tem um grande dia amanhã. Quanto antes for para a cama, mais cedo vou te foder, e mais cedo poderá dormir.
— Sr. Grey, você é muito romântico.
— Srta. Steele, você é uma piadista. Talvez eu tenha que controlar esse seu lado de alguma forma. Venha.
Ele me conduz para o quarto e fecha a porta com o pé.
— Mãos para cima — ordena.
Obedeço, e, como num passe de mágica, ele tira meu vestido pela cabeça, pegando-o pela barra e puxando-o com um movimento rápido e preciso.
— Ta-rã! — diz, brincalhão.
Rio e aplaudo educadamente. Ele se inclina com elegância, sorrindo. Como posso resistir a ele quando está assim? Ele põe meu vestido na cadeira solitária ao lado da cômoda.
— Qual seu próximo truque? — provoco.
— Ah, minha cara Srta. Steele. Vá para minha cama — resmunga — e eu mostro.
— Acha que pela primeira vez eu devo bancar a difícil? — pergunto sedutora.
Ele arregala os olhos espantado, e vejo um brilho de entusiasmo.
— Bem... a porta está fechada. Não sei como você vai me evitar — diz ele com sarcasmo. — Acho que não tem saída.
— Mas sou boa negociadora.
— Eu também. — Ele me olha, mas aí sua expressão muda, ele fica confuso e o clima no quarto muda bruscamente, ficando tenso. — Não quer foder? — pergunta.
— Não — sussurro.
— Ah. — Ele franze a testa.
Tudo bem, lá vai... respiro fundo.
— Quero que você faça amor comigo.
Ele para e fica me olhando com o olhar perdido. Sua expressão sombria. Ah, merda, isso não está com a cara boa. Dê um minuto a ele!, diz meu inconsciente.
— Ana, eu... — Ele passa as mãos no cabelo. As duas. Nossa, ele está realmente espantado. — Pensei que a gente tivesse feito — diz afinal.
— Quero tocar em você.
Instintivamente, ele dá um passo para trás, primeiro com uma expressão assustada, mas depois se controla.
— Por favor — sussurro.
Ele se recupera.
— Ah, não, Srta. Steele, você já teve muitas concessões da minha parte por hoje. Então não.
— Não?
— Não.
Ah... não posso discutir isso... posso?
— Olha, você está cansada. Vamos só nos deitar — diz ele, observando-me com cuidado.
— Então o toque é um limite rígido para você?
— É. Isso não é novidade.
— Por favor, então me diga por quê.
— Ah, Anastasia, por favor. Deixe isso para lá por enquanto — resmunga ele, exasperado.
— É importante para mim.
Ele passa as mãos no cabelo novamente e diz um palavrão baixinho. Vira-se, vai até a cômoda, pega uma camiseta e a atira em mim. Pego-a, perplexa.
— Vista isso e vá para a cama — diz irritado.
Fecho a cara, mas decido agradá-lo. Viro de costas, tiro o sutiã e visto a camiseta o mais depressa que posso para cobrir minha nudez. Não tiro a calcinha. Passei a maior parte da noite sem ela.
— Preciso ir ao banheiro. — Minha voz é um sussurro.
Ele franze a testa, sem entender.
— Agora você está pedindo licença?
— Hã... não.
— Anastasia, você sabe onde é o banheiro. Hoje, a essa altura desse nosso acordo estranho, você não precisa da minha permissão para usá-lo.
Ele não consegue esconder a irritação. Tira a camisa, e corro para o banheiro.
Fico me olhando no imenso espelho, chocada ao ver que continuo com a mesma cara. Depois de tudo que fiz hoje, ainda é a mesma garota normal que me olha dali. O que esperava — ter criado chifres e um rabo pontudo?, diz meu inconsciente. E que diabo está fazendo? O toque é o limite rígido dele. Você está se precipitando. Ele tem que se preparar para isso. Meu inconsciente está furioso, parece a Medusa, o cabelo desgrenhado, com as mãos na cabeça igual à figura de O Grito, de Edvard Munch. Não dou atenção, mas ele não volta para o lugar. Você está deixando o homem louco — pense em tudo que ele disse, em todas as concessões que fez. Faço cara feia para minha imagem. Preciso ser capaz de demonstrar carinho — aí, talvez, ele possa retribuir.
Balanço a cabeça, resignada, e pego a escova de dentes de Christian. Meu inconsciente tem razão, claro. Estou querendo apressá-lo. Ele ainda não está pronto, nem eu. Estamos tentando equilibrar a delicada gangorra que é nosso acordo — em lados diferentes, oscilando, e a gangorra balança entre nós. Precisamos os dois chegar mais para o meio. Só espero que nenhum de nós caia ao tentar fazer isso. É tudo muito rápido. Quem sabe eu precise de um distanciamento. A Geórgia parece mais atraente que nunca. Quando começo a escovar os dentes, ele bate à porta.
— Pode entrar — digo com a boca cheia de pasta de dente.
Christian está parado à porta, o pijama caído nos quadris daquele jeito que deixa cada célula do meu corpo em posição de sentido. Tem o peito nu, e eu o bebo como se estivesse louca de sede e ele fosse uma água fresca de nascente. Ele me olha impassível, depois dá um sorrisinho e vem para o meu lado. Nossos olhos se encontram no espelho, os cinzentos com os azuis. Termino de usar a escova de dentes dele, enxáguo-a e a entrego a ele, sempre olhando em seus olhos. Sem dizer nada, ele pega a escova e a põe na boca. Dou um sorrisinho de volta para ele, e vejo seu olhar dançar, bem-humorado.
— Fique à vontade para usar minha escova de dente — diz ele em tom de gozação.
— Obrigada, senhor.
Dou um sorriso doce e saio, indo para a cama.
Minutos depois, ele se junta a mim.
— Você sabe que não foi assim que imaginei que essa noite acabaria — resmunga petulante.
— Imagine se eu dissesse que você não podia tocar em mim.
Ele se senta de pernas cruzadas na cama.
— Anastasia, eu já disse. Cinquenta vezes. Tive um começo de vida difícil... e você não vai querer saber dessa merda. Por que iria?
— Porque quero conhecer você melhor.
— Você já me conhece o suficiente.
— Como pode dizer isso?
Fico de joelhos, de frente para ele. Ele revira os olhos para mim, frustrado.
— Você está revirando os olhos. Da última vez que fiz isso, acabei no seu colo levando umas palmadas.
— Ah, eu gostaria de botar você de novo nessa posição.
Inspiro subitamente.
— Conte, e pode botar.
— O quê?
— Você me ouviu.
— Está barganhando comigo?
Seu tom é de espanto e incredulidade.
Balanço a cabeça. Sim... este é o caminho.
— Negociando.
— Isso não funciona assim, Anastasia.
— Tudo bem. Conte, e eu reviro os olhos para você.
Ele ri, e tenho um raro vislumbre do Christian descontraído. Já não o vejo assim faz tempo. Ele fica sério.
— Sempre tão ávida por informações. — Ele me olha com curiosidade. Logo depois, desce da cama com elegância. — Não vá embora — diz, e sai do quarto.
Fico na maior aflição, e me abraço. O que ele está fazendo? Será que tem um plano cruel? Merda. Suponhamos que ele volte com uma vara, ou algum implemento esquisito de sacanagem. Puta merda, o que vou fazer? Quando ele volta, traz uma coisa pequena na mão. Não consigo ver o que é, mas estou morta de curiosidade.
— A que horas é sua primeira entrevista amanhã? — pergunta ele com doçura.
— Às duas.
Um sorriso malicioso se estampa lentamente em seu rosto.
— Ótimo.
E, diante dos meus olhos, ele muda sutilmente. Está mais duro, intratável... excitado. Este é o Christian Dominador.
— Saia da cama. Venha até aqui. — Ele aponta para o lado da cama, e eu me levanto e obedeço rapidamente. Vejo promessa em seu olhar intenso para mim. — Confia em mim? — pergunta.
Balanço a cabeça. Ele estende a mão, e, ali, há duas bolas de prata ligadas por um grosso fio preto.
— São novas — diz enfaticamente.
Olho intrigada para ele.
— Vou botar isso dentro de você, e depois vou bater em você, não para castigá-la, mas para o seu prazer e o meu.
Ele faz uma pausa, avaliando minha reação de espanto.
Dentro de mim! Arquejo, e todos os músculos se comprimem em minhas entranhas. Minha deusa interior está fazendo a dança dos sete véus.
— Depois, a gente fode, e, se você ainda estiver acordada, darei algumas informações sobre meus anos pregressos. De acordo?
Ele está me pedindo permissão! Esbaforida, balanço a cabeça. Não consigo falar.
— Boa garota. Abra a boca.
Boca?
— Abra mais.
Com muita delicadeza, ele põe as bolas na minha boca.
— Elas precisam de lubrificação. Chupe — ordena, com a voz macia.
As bolas são frias, lisas, surpreendentemente pesadas, e de sabor metálico. Minha boca seca se enche de saliva enquanto minha língua explora os objetos estranhos. O olhar de Christian não deixa o meu. Que diabo, isso está me excitando. Estremeço.
— Não se mexa, Anastasia — adverte ele. — Pare.
Ele tira as bolas da minha boca e se senta na beirada da cama depois de jogar o edredom para o lado.
— Venha até aqui.
Fico parada na frente dele.
— Agora vire-se, abaixe-se e segure os tornozelos.
Pisco para ele, e sua expressão fica sinistra.
— Não hesite — adverte-me num tom doce encobrindo não sei o quê, e joga as bolas na boca.
Porra, isso é mais sensual que a escova de dentes. Sigo suas ordens imediatamente. Putz, será que consigo tocar os tornozelos? Vejo que consigo, com facilidade. A camiseta sobe, expondo minha bunda. Ainda bem que fiquei de calcinha, mas desconfio que não vou ficar por muito tempo.
Ele coloca a mão com reverência no meu traseiro e o acaricia muito delicadamente com a mão toda. De olhos abertos, dá para eu ver suas pernas atrás das minhas, mais nada. Fecho bem os olhos quando ele puxa minha calcinha para o lado, enfia o dedo na minha vagina e puxa devagar. Meu corpo se prepara com um misto embriagador de expectativa e excitação. Ele enfia o dedo dentro de mim e o gira vagarosamente de um jeito delicioso. Ah, é gostoso. Gemo.
Sua respiração se interrompe e ele arqueja ao repetir o movimento. Retira o dedo e, muito lentamente, enfia os objetos, uma bola deliciosa de cada vez. Minha nossa. Elas estão da temperatura do corpo, aquecidas por nossas bocas. É uma sensação curiosa. Uma vez dentro de mim, eu não sinto as bolas realmente, mas sei que estão lá.
Ele endireita minha calcinha, inclina-se à frente, e seus lábios macios beijam minha bunda.
— Levante-se — ordena, e fico em pé, bamba.
Ah! Agora dá para sentir... mais ou menos. Ele segura meus quadris para me firmar enquanto recupero o equilíbrio.
— Você está bem? — pergunta, severo.
— Estou.
— Vire-se.
Fico de frente para ele.
As bolas descem com o peso e, instintivamente, contraio os músculos em volta delas. A sensação me sobressalta, mas não de uma maneira ruim.
— Como se sente? — pergunta ele.
— Estranha.
— No bom ou no mau sentido?
— No bom — confesso, corando.
— Ótimo.
Há um vestígio de humor à espreita em seus olhos.
— Quero um copo d’água. Vá pegar para mim, por favor.
Ah.
— E, quando você voltar, vou te dar umas palmadas. Pense nisso, Anastasia.
Água? Ele quer água... agora... por quê?
Saio do quarto, e fica mais que evidente por que ele quer que eu ande pela casa — quando faço isso, as bolas descem com o peso lá dentro, me massageando. É uma sensação muito estranha e não de todo desagradável. Na verdade, o ritmo da minha respiração se acelera quando me estico para pegar um copo no armário da cozinha, e arquejo. Minha nossa... Talvez eu queira ficar com essas bolas. Elas me deixam com vontade de sexo.
Ele está me observando atentamente quando volto.
— Obrigado — diz ao pegar o copo.
Lentamente, dá um gole, depois coloca o copo na mesa de cabeceira. Há um envelope de papel laminado ali, à espera. Como eu. E sei que ele está fazendo isso para aumentar a expectativa. Meu coração começa a bater mais rápido. Ele direciona aqueles seus brilhantes olhos cinzentos para mim.
— Venha. Fique em pé a meu lado. Como da última vez.
Coloco-me do lado dele, o sangue latejando nas veias, e dessa vez... estou excitada. Com tesão.
— Peça — diz ele baixinho.
Pedir o quê?
— Peça — fala num tom um pouco mais duro.
O quê? Licença para saber como estava a água dele? O que ele quer?
— Peça, Anastasia. Não vou repetir.
E há uma ameaça tão grande em suas palavras que a ficha cai. Ele quer que eu lhe peça para me bater.
Puta merda. Ele está me olhando na expectativa, a expressão esfriando. Merda.
— Me bata, por favor... senhor — murmuro.
Ele fecha os olhos por um instante, e, saboreando minhas palavras, me puxa pela mão esquerda para cima dos seus joelhos. Caio na mesma hora, e ele me firma quando aterrisso em seu colo. Fico apavorada quando sua mão encosta delicadamente na minha bunda. Estou novamente atravessada em seu colo, o torso deitado na cama. Dessa vez, ele não joga as pernas por cima das minhas, mas afasta o cabelo do meu rosto e o prende atrás da minha orelha. Feito isso, agarra meu cabelo na nuca para me prender. Dá um pequeno puxão, e minha cabeça vai para trás.
— Quero ver seu rosto enquanto bato em você, Anastasia — murmura ele, o tempo todo esfregando delicadamente minha bunda.
Sua mão desce por entre minhas nádegas, e ele faz pressão no meu sexo, e a sensação toda é... gemo. Ah, a sensação é intensa.
— Isso é para nosso prazer, Anastasia — sussurra ele.
Levanta a mão e dá uma palmada sonora na junção entre as coxas, a bunda e a vagina. As bolas são impelidas para a frente dentro de mim, e fico perdida num atoleiro de sensações. A ardência em meu traseiro, o volume das bolas dentro de mim e o fato de ele estar me segurando ali deitada. Levanto o rosto enquanto tento absorver todas essas sensações estranhas. Registro em algum lugar do cérebro que ele não me bateu com tanta força quanto da última vez. Ele acaricia de novo minha bunda, correndo a mão pela minha pele e por cima da calcinha.
Por que ele não tirou minha calcinha? Então, sua mão some, e ele torna a descê-la, eu gemo quando a sensação se espalha. Ele inicia um padrão: da esquerda para a direita e desce. O melhor é quando desce. Tudo vindo para a frente, lá dentro de mim... e, entre uma palmada e outra, ele me acaricia, me apalpa — e sou massageada de dentro para fora. Trata-se de uma sensação muito erótica e estimulante, e, por alguma razão, porque isso está nos meus termos, não me importo com a dor. Assim não dói — bem, dói, mas não é insuportável. É de alguma forma administrável e, sim, prazeroso... até. Sim, posso fazer isso.
Ele faz uma pausa ao tirar lentamente minha calcinha. Contorço-me em suas pernas, não por querer escapar das palmadas, mas eu quero mais... alívio, alguma coisa. O toque dele na minha pele sensibilizada deixa um formigamento sensual. É esmagador, e ele recomeça. Umas palmadas leves, depois mais fortes, da esquerda para a direita e desce. Ah, quando desce. Gemo.
— Boa garota, Anastasia — grunhe ele, ofegante.
Ele me bate mais duas vezes, e aí pega o pequeno fio preso às bolas e dá um puxão repentino, tirando-as de dentro de mim. Quase chego ao orgasmo — a sensação é do outro mundo. Com agilidade, ele delicadamente me vira. Escuto mais do que enxergo o invólucro de papel sendo rasgado, e então ele se deita por cima de mim. Segura minhas mãos, levanta-as acima da minha cabeça e me penetra devagarinho, ocupando o lugar onde estiveram as bolas de prata. Dou um gemido alto.
— Ah, baby — murmura ele num vaivém com aquele ritmo sensual, me saboreando, me sentindo.
Ele nunca foi tão delicado, e não demoro nada a chegar ao limite e cair vertiginosamente num orgasmo delicioso e violento. Quando me contraio em volta dele, provoco seu gozo, e ele entra deslizando em mim, depois para, chamando meu nome com desespero e espanto.
— Ana!
Ele está calado, arquejando em cima de mim, as mãos ainda entrelaçadas com as minhas acima da minha cabeça. Finalmente, se inclina para trás e me olha.
— Gostei disso — murmura, e depois me beija com doçura.
Não se demora para mais beijos doces. Levanta-se, me cobre com o edredom e vai para o banheiro. Quando volta, vem com o vidro de uma loção branca. Senta ao meu lado na cama.
— Vire de bruços — ordena, e, a contragosto, faço isso.
Honestamente, esse alvoroço todo. Estou muito sonolenta.
— A cor da sua bunda está maravilhosa — diz ele em tom de aprovação, e massageia ternamente a loção refrescante em meu traseiro cor-de-rosa.
— Desembucha, Grey.
Bocejo.
— Srta. Steele, você sabe como acabar com um clima.
— A gente fez um acordo.
— Como está se sentindo?
— Enganada.
Ele suspira, deita-se ao meu lado e me abraça. Com cuidado para não encostar no meu traseiro ardido, estamos de conchinha de novo. Ele me beija com muita delicadeza atrás da orelha.
— A mulher que me botou no mundo era uma prostituta viciada em crack, Anastasia. Agora durma.
Puta merda... o que significa isso?
— Era?
— Ela morreu.
— Há quanto tempo?
Ele suspira.
— Ela morreu quando eu tinha quatro anos. Não me lembro muito dela. Carrick me deu alguns detalhes. Só lembro de algumas coisas. Por favor, agora durma.
— Boa noite, Christian.
— Boa noite, Ana.
Caio num sono confuso e exausto, sonhando com um garotinho de quatro anos de olhos cinzentos num lugar assustador e miserável.